Os últimos dois anos não foram fáceis para a rede de distribuição brasileira. Foram fechados 1.862 pontos de venda e demitidos 171 mil empregados no setor. Hoje são 7,3 mil concessionárias, um quadro de pouco mais de 320 mil funcionários e tudo indica, segundo o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., que o processo de enxugamento já foi concluído. “Pode haver movimentações que são comuns no nosso negócio, mas não acredito que haja mais fechamento de pontos por causa de problemas no mercado”, diz o empresário. “Dá para afirmar que estamos numa situação hoje melhor do que a que vivíamos há um ano e por isso revisamos para 4,3% a perspectiva de crescimento nas vendas de automóveis e comerciais leves”, diz Assumpção, que nos próximos dias 8 e 9 de agosto participará do 27º Congresso & ExpoFenabrave, no Transamerica Expo Center, em São Paulo, fórum de debate das realizações e desafios do setor.

Por Alzira Rodrigues

Como está a rede de concessionárias hoje? O pior já passou?
Acredito que o processo de enxugamento decorrente da queda do mercado já acabou. Pode haver movimentações que são comuns na nossa rede, como uma ou outra aquisição e mudança de ponto, mas não fechamento de lojas por causa de redução de volumes como aconteceu nos últimos dois anos. A nossa crença é que o processo de enxugamento estancou.

Qual o tamanho da rede brasileira hoje?
São 7,3 mil concessionárias, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, motos e implementos. Em dois anos   1.862 pontos de venda fecharam as portas, redução em torno de 20% da rede e perda de 171 mil postos de trabalho. É um nível de demissão bem superior ao das montadoras. Hoje nosso quadro é de 325 mil funcionários.

O enxugamento foi geral?
Sim a crise pegou tanto concessionários pequenos como médios e grandes.

A Fenabrave reviu para cima a perspectiva de crescimento do mercado de veículos leves, aposta agora em 4,3%. O senhor está otimista com os próximos meses?
Desde o início de 2017 estamos reduzindo a queda com relação ao ano anterior. E em automóveis e comerciais leves já registramos crescimento no acumulado até junho. Nos caminhões a situação é mais complicada porque depende da economia como um todo. Se não tem PIB, não tem carga.

Os problemas políticos atrapalham em que medida o setor?
A economia brasileira está blindada e há indicadores positivos que poderiam gerar melhorias no mercado. A inflação está abaixo da meta do governo e a redução da Selic para 9,25% é um fator positivo para o consumo. O problema, porém, é que as delações na área política acabaram abalando a confiança do consumidor. A compra está sendo postergada. Por isso não dá para falar ainda em um crescimento mais expressivo para este ano.

Mas historicamente o segundo semestre tende a ser melhor do que o primeiro…
Tradicionalmente é isso o que acontece. E sim, deverá ser melhor. Dá para afirmar que estamos numa situação hoje melhor do que a que vivíamos há um ano e por isso revisamos para cima a perspectiva de crescimento nas vendas de automóveis e comerciais leves. Crescer além de 4,3% dependerá do que acontecerá na área política.

A rede hoje está adequada aos novos patamares do mercado?
Desde 2008, com a crise financeira internacional, a rede passou a investir mais em seus profissionais, na adequação de suas estruturas, em localidades mais apropriadas e, obviamente, em operações mais enxutas e produtivas. Com a redução do número de pontos de venda nos últimos dois anos acredito que agora  está ajustada aos novos tempos, tanto em termos de gestão como de operações físicas e profissionalismo.

A participação das vendas diretas, que atingiu 42% em junho, não preocupa?
A participação cresceu, mas não o volume de negócios no atacado. A fatia é maior porque o varejo é menor. Defendemos que cada marca e suas respectivas montadoras devem equilibrar seus negócios e cumprir o que foi acordado. Mas em volume não podemos falar em crescimento exagerado das vendas diretas. A participação reflete o todo do mercado, a redução do fluxo de clientes nas lojas.


Foto: Divulgação/ Fenabrave

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