Por George Guimarães

O Argo chegou às ruas de forma até discreta se comparado aos vários lançamentos da Fiat – bem menos importantes – ao longo das últimas duas décadas no Brasil.  Até a campanha publicitária, sempre um forte instrumento da marca, primou pela discrição. O slogan que incentiva o consumidor a “sentir” e não dirigir o hatch seria fruto da falta de criatividade dos publicitários ou o modelo é tão diferente assim?

Talvez a melhor resposta seja a combinação dos dois. O Argo tem, sim, atributos dinâmicos e de conforto que merecem ser conferidos pelo consumidor que hoje busca um hatch compacto. Não sairá dele, porém, integralmente convencido de que é a melhor e inquestionável opção entre tantas nas mesmas faixas de preço.

O modelo pode ser comprado em sete versões – a depender dos motores 1.0, 1.3 e 1.8 e das transmissões – que começam com a Drive 1.0 por R$ 46,8 mil e esbarram nos R$ 80 mil, caso da esportiva HGT 1.8 com câmbio automático de seis velocidades e alguns opcionais.

O maior desafio do Argo, e da própria Fiat, não está em lidar com o potencial consumidor das versões mais baratas, já que tanto montadora como sua rede têm know-how de sobra nesse segmento —  já faturaram mais de 9 mil unidades em três meses. E sim na parte de cima, terreno historicamente árido para as vendas da marca aqui. Basta lembrar do desempenho mercadológico do Marea, Brava e, mais recentemente, do Linea.

Pois a versãol HGT é um bom trunfo da empresa para mais uma vez tentar atravessar esse seu Rubicão. Não entrará para história, definitivamente, como um divisor de águas, mas tem méritos que referendam a afirmação inicial da Fiat de que se trata do melhor carro da marca já feito aqui.

 

 

Estruturalmente, parece não haver dúvida disso, até porque a própria fábrica de Betim (MG) passou por verdadeiro upgrade tecnológico e o Argo é o primeiro produto concebido pós essa atualização. O modelo mostra robustez e dinamismo surpreendentes, mesmo em condições de pisos pouco favoráveis. Chama a atenção o nível de ruído interno a, por exemplo, 120 km/h. É claramente abaixo da média de vários Fiat nacionais do passado recente – e muito abaixo de alguns produtos, com o próprio Palio, cujas versões topo saíram de linha para dar lugar às do 1.0 e 1.3 próprio Argo.

Contribui para isso, em parte, os revestimentos e acabamento internos, que se não são melhores encontráveis em veículos da faixa de preço do HGT, também não é inferior ao da maioria dos concorrentes. Assim como o nível de equipamentos de segurança e de conforto que não deixa nada a desejar. Estão presentes controles de estabilidade, de tração, auxílio de partida em rampa, sistema start-stop, piloto automático, borboletas para mudança de marcha, multimídia, sinalização de frenagem de emergência, ar-condicionado digital, dentre outros.

Mais faróis com assinatura em led na parte superior, que atenuam os pasteurizados traços da carroceria,  e mimos como a iluminação de cortesia sob os retrovisores externos, segue a receita mínima exigida hoje pelo restrito público disposto a desembolsar quase R$ 80 mil para ter um carro compacto, de fato, completo.

Resta, contudo, fazer com que esses potenciais compradores relacionem a HGT dentre as suas opções de compra, que são muitas e diferentes naturezas,  e sigam para uma revenda para, como sugere a publicidade da Fiat, senti-la e decidam se ela seguirá apenas como chamariz para as versões inferiores ou cativará um bom número deles a ponto de colocar o Argo no rol dos mais bem-sucedidos da marca.


Foto: Divulgação/Fiat

George Guimarães
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