Por George Guimarães

De janeiro a agosto somente 305 brasileiros compraram um Citroën C4 Picasso, modelo lançado aqui em 2015 e que em abril último retornou às revendas após sensível atualização.  Sorte dessas três centenas de compradores que podem desembolsar a partir R$ 121 mil e até R$ 168 mil para ter uma das quatro versões de cinco ou sete lugares do modelo importado da Europa.

Sorte sim, porque o monovolume grande, como é classificado pela Anfavea, é uma confortável sala de (bem) estar ambulante. Sob este ponto de vista, o departamento de marketing da Citroën errou: deveria ter adotado o nome Lounge para ele e não no sedã da família fabricado na Argentina, que nem de perto, naturalmente, pode oferecer o mesmo conforto.

Não fosse pelo preço salgado, muito provavelmente  mais consumidores se atreveriam a experimentar o modelo e perceberiam que os SUVs — crossovers, como preferem muitos — não são necessariamente a única nem a melhor resposta para quem deseja um veículo mais alto e sobretudo espaçoso, ainda mais para aqueles que nem passam perto de estradas de terra em 99% de seus deslocamentos.

Mas o C4 Picasso vai mais além disso e contradiz até mesmo quem vê essa configuração como uma alternativa sob medida para mulheres ou homens, digamos, mais comportados. Enfim, um carro de “tiozão”. Nada disso. Seu conhecido motor  turbo 1.6 THP, de 165 cv, acoplado a uma transmissão automática sequencial de seis velocidades, também com comando manual por meio de borboletas, dá conta bem demais de seus 1.405 quilos. Nas autoestradas paulistas, o Picasso trafegou com a desenvoltura de muitos sedãs.

 

Falar de equipamentos de conforto é missão ingrata, afinal o modelo tem tudo e mais um pouco do que se pode esperar para o seu segmento e até de veículos bem mais caros. Uma boa pitada do que isso pode querer dizer: os bancos do motorista e do carona, além de aquecimento regulável e ajustes elétricos, têm massageadores. No caso do passageiro, ainda descansa pé, como os das poltronas de avião, mas com acionamento elétrico.

Os requintes seguem na parte traseira, que acomoda três bancos individuais com regulagem longitudinal e encostos reclináveis, duas mesinhas com luzes de leitura individuais — na configuração de sete lugares há ainda duas telas em LCD no encosto de cabeça dos bancos dianteiros—, cortinas retráteis nos vidros laterais, dois enormes porta-trecos sob o assoalho, comandos do fluxo do ar condicionado e espaço de sobra mesmo para pessoas de maior estatura, que podem viajar com as pernas cruzadas sem qualquer incômodo.

Todo esse espaço e mais o enorme porta-malas de 537 litros ou até 630 litros, a depender da posição dos assentos traseiros, comprova que a engenharia da PSA encontrou uma ótima equação para os 4,4 metros do veículo, comprimento que não chega a ser um empecilho no momento de encontrar uma vaga para estacionar.

Mesmo porque o C4 Picasso dispõe de sistema semi-autônomo de manobras e câmeras na dianteira, traseira e sob os retrovisores que permitem visão de 360 graus projetada na enorme tela (configurável) do painel. Também grande é o teto panorâmico, que se projeta do para-brisa até sobre os bancos traseiros.

Sistemas de segurança, como controle de tração, de derrapagem ou estabilidade, além de seis air bags, naturalmente fazem parte do pacote disponível desde a versão mais barata, assim como ar-condicionado digital e sistema multimídia e de navegação.

Mas o Picasso tem ainda, em pacote opcional, leitor de placas de velocidade, comutação automática de farol alto e baixo e sistema que alerta e corrige desvio involuntário de faixa de rolagem, além de sensor de ponto cedo. Daria ainda para elogiar os materiais de acabamento interno, os faróis bi-xenon direcionais e o extensivo uso de leds na iluminação interna, setas e lanternas.

Enfim, argumentos e atrativos não faltariam, e não faltam, para a Citroën convencer bem mais consumidores endinheirados a retornarem seus olhos para o C4 Picasso e, indiretamente, para segmento de monovolumes grandes, que respondem hoje por somente 1,8% do mercado interno, contra 21,6% dos SUVs. Eles não se arrependeriam.


Fotos: AutoIndústria/ Divulgação Citroën

George Guimarães
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