Por George Guimarães

A FCA divulgou nesta segunda-feira, 27, as primeiras fotos oficiais do Fiat Cronos,  sedã compacto que começa a ser produzido em ritmo comercial na Argentina até o fim do ano. Compartilhando parte da plataforma e muitos componentes com o hatch Argo, que é produzido em Betim (MG), o novo modelo chegará às revendas brasileiras bem mais para frente, somente em fevereiro.

Em evento de pré-apresentação à imprensa  argentina e brasileira em  São Paulo, executivos da montadora fizeram questão de enfatizar que o modelo é mais um movimento da empresa para constituir uma nova imagem de marca no Brasil. “O Cronos dá continuidade ao processo de reformulação  iniciado com o Toro, depois com o Mobi e mais recentemente com o Argo “, destaca João Ciaco, diretor de comunicação da montadora.

Herlander Zola, diretor responsável pela marca Fiat dentro da FCA, acrescenta: “Estamos reposionando a marca no mercado brasileiro e ao mesmo tempo resgatando valores que ficaram adormecidos  nos últimos tempos, como a ousadia. Queremos restabelecer uma relação mais emocional com o consumidor não só em termos de produtos, mas também em serviços”.

A urgência de mostrar um carro que chegará ao mercado no mínimo três meses depois pode ser compreendida com os números de automóveis da marca emplacados nos últimos anos. Se a Fiat tem ainda hoje fatia  13,5% de participação no mercado brasileiro, muito se deve às picapes Toro e Strada, líderes incontestes de seus segmentos.

Considerados apenas os automóveis de passeio, o quadro é bem mais complexo para a montadora que liderou as vendas no País por mais de um década. Em 2014 a Fiat tinha 18% de participação e a primeira colocação no ranking de automóveis, caiu para 14,9% e a segunda posição em 2015 e fechou o ano passado com 11,3% já no terceiro posto.

Este ano, no acumulado de janeiro a outubro, mesmo com alguma evolução das vendas do subcompacto Mobi e com o reforço de quatro meses do Argo nas revendas, a Fiat tem deteve somente 9,5% do segmento e a quinta colocação, atrás das tradicionais concorrentes General Motors, Volkswagen e Ford, e também da novata Hyundai.  E a Toyota, sexta colocada, está só 1,1 ponto porcentual atrás.

Outros bons argumentos para chamar a atenção antecipada do consumidor com tanta antecipação é que a montadora não tem, afirma a empresa, um produto no segmento que em janeiro ganhará outrou concorrente de peso: o Volkswagen Virtus. O Grand Siena, fabricado aqui e que vendeu somente pouco mais de 21 mil unidades nos últimos dez meses, estaria em uma faixa abaixo do Cronos, no entender da Fiat.

De qualquer forma, sem precisar quais os modelos estão envolvidos nessa conta, a FCA diz que “o Cronos vem disputar o segundo maior segmento de automóveis do Brasil, que, somente em 2017, deverá absorver cerca de 330 mil veículos”. Levantamento da Fenabrave, porém, mostra onde está o maior potencial: de janeiro a outubro os sedãs pequenos, onde está o Grand Siena, somaram 226 mil emplacamentos, enquanto os sedãs compactos ficaram em pouco mais de 33 mil unidades, quase 40% disso somente do Honda City.

O novo sedã, por exemplo, terá apenas os motores brasileiros  1.3 Firefly e 1.8 E-Torq. Já o 1.0, disponível no Grand Siena, está descartada  — ao menos por enquanto. O Cronos é baseado na nova plataforma MP-S, de Modular Platform Sedan,  e tem entre-eixos idêntico ao do Argo, mas perceptíveis 12 centímetros menor do que o do futuro Virtus.

É claramente uma proposta bem mais arrojada da montadora para um sedã compacto. A carroceria, descreve Peter Fassbender, chefe de FCA Design Center  Latam,  responsável pelo desenho,  tem linhas que sugerem esportividade, em especial na dianteira, com um aspecto bastante agressivo —  que poderia balizar uma futura atualização  do Argo, porque não?  — e pela acentuada inclinação da terceira coluna, a “C”. ‘ É quase um fast back”, diz Fassbender.

Por dentro, tudo muito parecido com o irmão Argo, em especial no painel. As transmissões também serão as mesmas, inclusive a  automática de seis velocidades exibida na versão Precision 1.8. na pré-apresentação. A unidade ainda dispunha de bancos revestidos em couro, ASR, start-stop, quadro de instrumentos configurável e multimídia.

Reforço – Assim, ainda que a montadora negue, o Cronos será naturalmente o sucessor do Grand Siena no Brasil em algum momento no futuro breve.  Até lá, ambos estarão simultaneamente na férrea batalha para ajudar a estancar a drástica queda de vendas da marca nos últimos três anos — muito acima da média do mercado —, quadro que tem gerado forte descontentamento na rede de mais de quinhentas concessionárias.

Com quase 240 mil automóveis e comerciais leves negociados nos primeiros dez meses do ano, a média de veículos por revenda é de 46  veículos por mês.  Como contraponto, vale destacar os revendedores Hyundai, que negociam, na prática, apenas três modelos de grandes volumes e vários importados. As 210 representantes da marca coreana registram média de 78 veículos vendidos mensalmente, quase o dobro das revendas Fiat.


Foto: Divulgação

 

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