Por Lael Costa

A volta do comprador ao balcão das fabricantes de caminhões já faz os dirigentes das montadoras enxergarem novos tempos de crescimento. Para Roberto Cortes, presidente e CEO da MAN Latin America, depois de cinco de anos de dificuldade para o segmento, projeta uma evolução de 15% a 20% na produção de Resende (RJ), ao considerar incremento nas vendas internas em torno de 10% e as externas em 20% no ano que vem, volumes que poderão alcançar em torno de 16.500 e 12.000 unidades, respectivamente.

“Pessimismo e desânimo são coisas do passado. Com o descolamento da economia da política e a necessidade de renovação de frota do transportador, certamente estamos iniciando um novo ciclo positivo”, justifica.

Cortes lembra, no entanto, que ainda há muito caminho pela frente para recuperar o que foi o mercado de caminhões em 2011, o pico da indústria. “Não se recupera 75% de queda acumulada do dia para a noite. A situação está melhor. Hoje a fábrica já trabalha cinco dias por semana em um turno com algumas horas extras, mas em passado recente eram três turnos de trabalho.”

Para os crescimentos estimados, o presidente da MAN diz estar focado em pilares como produto, rede, internacionalização da empresa e, claro, o apoio do investimento de R$ 1,5 bilhão para o período de 2017 a 2021, divulgado no fim do ano passado. No que diz respeito ao primeiro item, a montadora recentemente lançou linha inédita de caminhões para distribuição urbana de carga que, segundo Cortes, foi muito bem recebida tanto pelo mercado nacional quanto os internacionais.

A rede, de acordo com Cortes, “vai bem, obrigado”, apesar dos tempos bicudos passados. “Tivemos ajustes, mas nenhuma revenda quebrou. A prioridade nos últimos anos foi a área financeira para, agora, estarmos mais fortes na retomada.”

O executivo conta que a MAN sofreu demais com a crise em virtude da alta dependência da empresa com o mercado interno. Em 2016, a elaboração de um plano de ataque com olhos para além das fronteiras brasileiras tem contribuído com novas percepções. Nele, a montadora se esforça para que a participação de suas exportações na produção de Resende salte dos atuais 10% para 30%, volumes entre 18.000 a 20.000 unidades. “Porque não liderar ou mesmo dividir a liderança em outros países nos quais já atuamos?”, questiona.

A corrida internacional parte por duas frentes de ataque, desenvolver engenharia para o cliente local a fim de entregar o produto mais adequado ao mercado e constituir produção local. “Adaptar simplesmente o caminhão ou o chassi brasileiro para o exterior não se mostra a melhor estratégia. É necessário entender as necessidades específicas de cada mercado”, diz Cortes.

A partir deste conceito, a empresa conta exemplos de bem-sucedidos como o Constellation para o mercado Argentino e o recente desenvolvimento de um chassi específico para o México. Segundo Cortes, as ações já mostram resultados práticos. Se em 2016 a montadora contabilizou por volta de 6.000 unidades exportadas, em 2017 deverá fechar com 9.000 veículos embarcados e, no que vem, alcançar os 12.000. “Em volume é metade do caminho que pretendemos percorrer”, resume.

A outra de via de ataque, será realidade em abril, quando a montadora inaugurará uma unidade fabril na Nigéria, a segunda no continente depois da África do Sul. Por lá, a empresa montará em regime de SKD caminhões da família Worker, com a estimativa de entregar 1.000 unidades nos próximos cinco anos. “Não descartamos nenhum mercado, apenas ponderamos se é melhor ter fábrica ou simplesmente exportar. Mas fazer negócio no Brasil, ainda é prioritário.”


Foto: MAN Latin America/Divulgação

Décio Costa
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