A economia brasileira dá sinais de ter encontrado o caminho do crescimento e, mesmo em um ano eleitoral, parece ter se descolado da política para alívio geral. O PIB positivo e o reaquecimento do mercado estimulam o retorno da confiança e com ela o ambiente para investimento.

No setor automobilístico os resultados divulgados pela Anfavea sobre o desempenho da indústria neste primeiro trimestre de 2018, de 699,6 unidades produzidas no País, mostram recuperação próxima à média dos últimos dez anos nesse mesmo período, de 718 mil unidades. Graças à reação do mercado interno e a curva ascendente das exportações, de janeiro a março a produção no Brasil superou em 14,6% a marca obtida no mesmo período do ano passado. Do total produzido, 545,5 mil unidades foram vendidas no mercado doméstico.

Nesse segmento pode se esperar que, a partir da consolidação do programa Rota 2030, as novas metas de eficiência energética e de segurança serão mais rígidas e alinhadas com os padrões internacionais, como convém a todas as nações que ambicionam exportar. Dá para imaginar que a partir de uma esperada política industrial de médio e longo prazo para o setor, o desenvolvimento de tecnologias avançadas para fazer frente às novas demandas será favorecido. Um prato cheio para a engenharia.

A pergunta que emerge desse contexto é: qual é a expectativa de médio e longo prazos para a indústria da mobilidade e para a engenharia?

Particularmente vejo muitas oportunidades. No vasto mundo da mobilidade no qual o Brasil se insere, as tendências apontam para um futuro de portas abertas para a indústria e para a engenharia, especialmente com possibilidades em segmentos de ponta além do automobilístico.

Um bom exemplo é o setor aeronáutico, que deve seguir em ritmo acelerado de crescimento em âmbito mundial pelo menos até 2031. Estudo recém-divulgado pela Embraer dá conta de que a demanda para os próximos 20 anos é de estimadas 6,8 mil aeronaves, somente no segmento de 30 a 120 assentos. Segundo a companhia, o transporte aéreo mundial crescerá, em média, 5% ao ano no período compreendido entre 2012 e 2031.

Ajuda a melhorar ainda mais essa perspectiva o ritmo ascendente da aviação regional brasileira na demanda para rotas curtas e médias de baixa densidade de passageiros.

O cenário ainda está se desenhando, mas a perspectiva parece promissora e aponta para a imprescindível necessidade de sermos competitivos ante os concorrentes globais. ¬ Isso expõe o que talvez seja o nosso maior desafio desta era disruptiva, o da qualificação de engenheiros na velocidade e na expectativa da exigência das novas demandas.

Os caminhos para competir em tempos de mudanças tão profundas quanto rápidas como as de hoje precisam ser continuamente redescobertos, e assim também a formação de engenharia, quer na academia quer na formação extra curricular, precisa acompanhar esse passo.

Essa matéria é destaque entre os objetivos da SAE Brasil para o cumprimento de sua missão de promover o fomento da engenharia e o estímulo à formação de novas gerações de engenheiros no País.

Acredito que estamos no momento ideal para diligentemente buscar as oportunidades desta era de construção de novos valores e de novos modos de pensar os negócios. Precisamos redescobrir espaços para exercitar o conhecimento e a criatividade em favor da qualidade de vida que a mobilidade pode trazer às pessoas e assim transformá-la em alavanca para um futuro promissor para todos.


Foto: Divulgação.CAOA

Alzira Rodrigues
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