Por Alzira Rodrigues | alzira@autoindustria.com.br

Ainda são muitos os embates em torno do futuro da mobilidade e do próprio veículo automotor. Mas não há dúvidas entre os participantes de debates e palestras realizadas na 26ª edição do Simea, Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva, que o carro autônomo será realidade a partir da próxima década.

“Acredito que no futuro o motorista será banido”, disse na quinta-feira, 2, o gerente de mobilidade da Ford, Luciano Driemeier, durante debate após painel sobre tecnologias do carro do futuro no encerramento do simpósio promovido pela AEA, Associação Brasileira da Engenharia Automotiva.

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O mesmo tom prevaleceu nas palestras de Rodrigo Custódio, diretor da Roland Berger, e Leimar Mafort, gerente de engenharia de chassis da Robert Bosch, participantes do mesmo painel. O carro autônomo, segundo Custódio, será realidade até 2025 e só deverá chegar ao Brasil cinco anos depois de ser utilizado lá fora. “O País tem mais chance de se destacar em conectividade”, avaliou.

Diante desse novo cenário, segundo ele, há dúvidas se o volume de vendas da indústria automotiva mundial vai crescer ou cair. Até porque o preço do carro será mais caro e há uma tendência clara pelo compartilhamento. “Pode ser que em 2030 haja menor volume de veículos, mas o lucro será cada vez maior. O lucro vai estar na Uber, nos serviços, e o setor terá de ser preparar para essa nova realidade”.

Driemeier, da Ford, comentou que dos cinco níveis do carro autônomo, os dois primeiros já estão disponíveis no Brasil. São itens como assistente de permanência de faixa, controle adaptativo de velocidade, auxílio de tráfego e autopiloto.

No nível 3, o carro já anda sozinho em determinadas situações, mas depende que um ser humano esteja pronto para assumir o controle quando for requisitado. Na avaliação de Driemeier, o autônomo nível 4, que já anda sozinho mas tem banco para o motorista (no nível cinco ele deixa de existir), deverá estar rodando no mundo a partir de 2021.

Com relação ao Brasil, ele prefere não arriscar datas exatas, dizendo que é algo que poderá ser realidade de cinco a até vinte anos após sua chegada em outros países. “O carro autônomo depende de infraestrutura externa, da aceitação da sociedade e de legislação. Ninguém vai investir se não tiver legislação”, destacou.

De acordo com o representante da Bosch, Leimar Mafort, algo que preocupa em termos de segurança e vem sendo tema de estudos e testes é a proteção contra o ataque cibernético. “Tem de ter extrema segurança tanto em relação às informações que saem do carro como às que vêm da nuvem”.

No primeiro dia do Simea, Regis Ataides, gerente de desenvolvimento – Simcenter da Siemens, foi enfático quando ao futuro da mobilidade: “Como ser humano, é bom começar a pensar o que você vai fazer dentro do carro no futuro. Pode marcar uma reunião, por exemplo, ou adiantar um trabalho. O carro autônomo vai ser uma realidade”.


Ilustração: Divulgação/Bosch

Alzira Rodrigues
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