Indústria

Carro Sustentável deve levar os 1.0 à maior participação em duas décadas

Da média de 55% nos últimos três anos, segmento pode superar os 60% em 2025

Desde 2022, os motores 1.0 estão presentes em 55% dos automóveis de passeio vendidos no Brasil — pouco mais, pouco menos. Não foi diferente no primeiro semestre de 2025, quando a participação acumulada ficou em 54,6, segundo a Bright Consulting. Essa recente estabilidade, entretanto, tem tudo para chegar ao fimaté o fim do ano.

Um forte motivação para isso: os benefícios fiscais do Carro Sustentável, programa anunciado no começo deste mês e que zera a alíquota de IPI até o fim de 2026 para veículos compactos e subcompactos com emissão de gás carbônico abaixo de 83g CO2/km, reciclabilidade mínima de 80% e que sejam integralmente produzidos aqui.

Para se enquadrar em todas as categorias, a maioria, se não a totalidade, será de modelos dotados de motor de 1 litro. Tanto que já nos dias seguintes à publicação do decreto que instituiu a redução do tributo, várias montadoras anteciparam descontos promocionais para modelos com esse motor, maiores até do que a redução gerada pela eliminação do imposto.

“Num primeiro momento, deverá ocorrer um aumento no fluxo de loja e na venda nos veículos que tiveram seus preços reduzidos. Gradativamente serão reduzidos os incentivos de venda e a redução de preços desses veículos deverá se fixar próxima dos 5%, que é o efeito direto da redução de IPI nos carros de entrada”, analisa Cássio Pagliarini, sócio da Bright.

Segundo Pagliarini, a medida propiciará aumento de negócios com veículos beneficiados e avanço de 8% a 10% em relação ao até agora volume imaginado para 2025. Algo como 100 mil unidades a mais, para algo próximo de 2,65 milhões, sendo 80% equipadas com os 1.0.

Como consequência, os motores de 1 litro deverão atingir penetração em patamar nunca visto da década de 2010 para cá. Nesse período, o segmento permaneceu abaixo de 40%, batendo no piso de 31,5% há exatos dez anos, segundo a Bright.

Um salto para 46% ocorreu em 2020, quando o mercado total encolheu quase 27%, mas chegaram às ruas os primeiros 1.0 com turbo. Já em 2022, o segmento alcançou 55,6%, incentivado agora também pela maior oferta e versões turbinadas de SUVs compactos, categoria que mais cresceu em vendas desde então.

Qual o índice que os 1.0 poderão representar nas vendas de carros de passeio ao fim de 2025? Pagliarini calcula  potenciais 60%, praticamente o dobro de uma década atrás, mas ainda assim bem distantes da média dos primeiros vinte anos de sua existência como opção para carros de entrada e de grandes volumes.

Os carros de 1 litro ganharam relevância comercial a partir de 1990, com a redução do IPI que os tornou bem mais baratos e, ainda mais, com o Programa Carro Popular, em 1993, que limitou o tributo a mero 0,1%.

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Modelos como Fiat Mille, Volkswagen Gol e Chevrolet Corsa, dentre outros, passaram a representar mais de 70% das vendas totais de automóveis no mercado interno.

Nos anos seguintes, com exigências regulatórias para assegurar mais segurança e menos emissões e que agregaram custos, as montadoras tiraram o pé dos 1.0 de entrada para se dedicarem a modelos e versões de maior margem de lucro.

Só com o advento de soluções técnicas, como turbo e injeção direta, dentre outras, os motores 1.0 retomaram o protagonismo por combinarem, de um lado, maior potência e desempenho, que agradam os consumidores, e, de outro, lucratividade superior com a aliquota menor frente a propulsores 1.2 e acima.


Foto: Divulgação

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George Guimarães

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