Ao ser questionado sobre a carta divulgada pela BYD na manhã do dia 30 de julho, dizendo que “se dinossauros estão gritando, é sinal de que o meteoro está funcionando”, o presidente da Anfavea, Igor Calvet, garantiu não ter lido o texto, mas mesmo assim se pronunciou sobre a forma como a marca chinesa se referiu às montadoras instaladas no Brasil.

“Fiquei sabendo da carta na manhã do dia da decisão da Gecex/Camex sobre CKD/SKD e como tinha muitas coisas a fazer, preferi não ler. Mas certamente soube do seu teor e o que posso dizer é que faço comunicação corporativa. Não trato nenhuma empresa com palavras deselegantes, nunca faria isso. As empresas que estão no Brasil há décadas têm credibilidade por tudo que fizeram. E qualquer empresa, independentemente de ter usado termo deselegante para ser referir à Anfavea ou a uma de suas associadas, será bem-vinda ao Brasil e também à entidade desde que tenha por proposta um processo de produção robusto, que gere emprego e adensamento da cadeia local”.

LEIA MAIS

Ameaça de redução da alíquota de SKD mobiliza setor automotivo

BYD reage ao manifesto da Stellantis, VW, GM e Toyota

Camex rejeita proposta da BYD mas cria cota com tarifa zero por seis meses

A carta da BYD foi divulgada na manhã em que a Cacex iria decidir sobre o seu pleito de alíquota zero por 36 meses para importação de eletrificados CKD/SKD (desmontados e semi-desmontados). O órgão rejeitou a reivindicação, optando por criar cotas com alíquota zero por prazo de apenas 6 meses, contemplando 15 empresas.

Apesar do comunicado com termos agressivos e que veio em resposta a manifesto anterior da Stellantis, General Motors, Volkswagen e Toyota, a BYD até hoje não se manifestou sobre a decisão da Camex, assim como também não inaugurou oficialmente sua fábrica de Camaçari, BA, por falta de algumas licenças, inclusive a ambiental.

Já a GWM, também chinesa, iniciou operações em sua fábrica de Iracemápolis, no interior paulista, este mês e anunciou sua inauguração para a próxima semana, dia 15. “Vamos mostrar os primeiros veículos montados aqui”, comentou seu diretor de Assuntos Institucionais, Ricardo Bastos, revelando serem eles os SÙVs Haval H6 e H9 e a picape Poer.

Sobre as operações da GWM, Calvet disse ter recebido convite para o dia 15. “Parabéns para a GWM, desejo todo o sucesso para eles e espero poder ir à inauguração. Sabemos que vão inicialmente operar com peças vindas de fora, mas também sabemos que têm por objetivo fortalecer a cadeia automotiva nacional”, comentou o presidente da Anfavea.

Com relação à BYD, ele disse que espera muito que a marca venha para o Brasil observando o princípio de produção que gera empregos e desenvolvimento local futuro.

Quanto à resolução do Gecex/Camex, que zerou o Imposto de Importação de veículos desmontados (CKD e SKD) via cotas por seis meses, Calvet voltou a comentar que foi uma solução em consonância com a política industrial vigente no País. “É o máximo aceitável sem pôr em risco empregos e investimentos da cadeia automotiva nacional”, concluiu.


 

Alzira Rodrigues
ASSINE NOSSA NEWSLETTER GRATUITA

As melhores e mais recentes notícias da indústria automotiva direto no sua caixa de e-mail.

Não fazemos spam!