A Anef, Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras, divulgou balanço do primeiro semestre, com destaque para crescimento de 13,4% no saldo total da carteira de veículos, que chegou a R$ 510,8 bilhões frente a R$ 450 bilhões em idêntico período de 2024.
Entretanto, segundo a entidade, em cenário de juros elevados, com a taxa Selic em 15%, maior patamar desde 2006, o volume de recursos liberados para o financiamento de veículos de janeiro a junho manteve-se estável na mesma comparação, totalizando R$ 127 bilhões.
O resultado indica uma leve recuperação do mercado, especialmente após a retração de 4,3% registrada no primeiro trimestre, pondera a Anef.
O CDC, Cédito Direto ao Consumidor, é a modalidade mais utilizada, com R$ 126,5 bilhões em recursos liberados.
“Diante de instabilidade econômica e incertezas fiscais, o mercado de financiamento de veículos entra no segundo semestre de 2025 com projeções cautelosas. A manutenção do volume de crédito indica uma resiliência importante”, analisa Enilson Sales, presidente da entidade.
O dirigente manteve previsão de crescimento de 8,5% nos recursos liberados para 2025, embora com ressalvas. “Estamos atentos ao comportamento do mercado e à conjuntura econômica, que ainda impõem desafios à previsibilidade”, destaca.
Para Sales, os próximos meses dependerão de fatores-chave como a oferta de crédito e a confiança do consumidor. “Com a Selic em 15% e sem perspectiva de redução no curto prazo, o custo do financiamento continua elevado, restringindo o acesso principalmente para pessoas jurídicas. Ao mesmo tempo, volatilidade tributária e cenário internacional instável adicionam camadas de incerteza à tomada de decisão de consumidores”, pondera.
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O presidente da entidade também chamou atenção para o possível impacto do tarifaço dos Estados Unidos. “No Brasil, o transporte rodoviário é essencial para o agronegócio, e ainda não é possível mensurar o efeito dessas tarifas no mercado de financiamento de caminhões pesados e extrapesados. Não há clareza suficiente para projeções”, afirma.
O primeiro semestre também trouxe mudança de comportamento entre os consumidores, indica o balanço semestral da entidade. As compras à vista cresceram ligeiramente em todos os segmentos.
Em veículos leves, a participação aumentou de 50% para 52%. Financiamentos de carros caíram de 46% para 43% e o consórcio aumentou de 4% para 5%.
No caso de pesados, caminhões e ônibus, a participação das compras à vista aumentaram de 25% para 33%. O financiamento recuou levemente (40% para 39%), o Finame teve queda significativa (31% para 20%), o consórcio cresceu de 4% para 7, enquanto o leasing voltou a aparecer, com 1% de participação.
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