Ainda não é oficial, as duas partes se negam a comentar, mas o setor dá como praticamente certa a compra da fábrica de caminhões da Ford de São Bernardo do Campo (SP) pelo Grupo CAOA.

A transação, além de representar a manutenção do emprego de parte do quadro de funcionários e atenuar o impacto econômico do fim da operação da montadora americana na região, pode colocar a empresa brasileira em posição de destaque no mercado interno de veículos comerciais.

Isso se o grupo comandado por Carlos Alberto de Oliveira Andrade, se dispuser — e o mercado enxergar com bons olhos — a manter em produção toda a atual gama de caminhões da Ford, que começa nos semi-leves e vai até os pesados.

Essa é a grande pergunta que as fontes que anteciparam o possível acerto entre as duas empresas ainda não foram capazes de responder.

E se sim — a ideia for mesmo brigar em todos os segmentos —, de onde tirar o fôlego tecnológico para seguir disputando clientela tão técnica com grupos globais de ponta.

No ano passado, os caminhões Ford detiveram 12,2% do mercado interno, com 9.306 unidades negociadas no varejo. A marca ficou na quarta colocação no ranking das mais vendidas, logo à frente da Scania (11,3%) e atrás da líder Mercedes-Benz (29,2%), Volkswagen (24,6%) e Volvo (13,9%), gigantes mundiais históricas do setor.

Mas não são apenas sobre esses cerca de 12% amealhados pelos modelos Ford que a compradora se debruçará para definir seu perfil de atuação em um mercado que cresceu mais de 48% no ano passado e que segue em ritmo de recuperação ainda mais forte em 2019, com as vendas evoluindo 59% no primeiro bimestre.

O braço CAOA Hyundai, é bom lembrar, também tem suas incursões nos veículos comerciais. E melhor: sem quase nenhuma sobreposição de produtos com os Ford.

Da fábrica de Anápolis (GO), saem atualmente o caminhãozinho HR, com capacidade para 1,8 mil quilos de carga, e o HD80, caminhão leve com PBT de 8 mil quilos, que chegou às revendas há apenas um ano e é sucessor do pioneiro HD78, lançado em 2011.

O HD80 ainda tem vendas quase marginais, foram somente setenta unidades negociadas em nove meses do ano passado.  É um desempenho bem distinto do registrado pelo HR. Segundo a Fenabrave, o modelo somou exatos 4.130 emplacamentos e, com participação de 16,7%, foi o segundo mais vendido de seu segmento, superado apenas pelo Renault Master.

Mas o Grupo CAOA seguirá produzindo os caminhões Hyundai?  Serão vendidos  na mesma rede de concessionárias que os Ford? Seguirão ostentando o logotipo da marca coreana? Ou os Ford ganharão a logomarca CAOA e enterrarão o centenário oval azul?

Há ainda muitas dúvidas que devem ser sanadas em breve.


Foto: Divulgação/CAOA

George Guimarães
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