O mercado automotivo brasileiro vive um grande paradoxo. Ao mesmo tempo que convive com estoques reduzidos por causa da falta de produtos, as concessionárias sentiram uma queda no movimento das lojas a partir da nova onda de Covid-19 e do aumento do ICMS sobre veículos novos e usados em São Paulo.

Ao revelar que os estoques nas redes e nas montadoras baixou de 82 mil para 74 mil unidades, equivalentes a apenas 10 a 11 dias de vendas, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, destacou que o gargalo na produção das montadoras provocado pela falta de peças e insumos se intensificou em janeiro, diminuindo, ainda mais, a oferta de produtos.

Foram emplacados 162.567 automóveis e comerciais leves em janeiro, uma queda de 30,1% em relação a dezembro (232.795) e de 11,7% no comparativo com idêntico mês do ano passado (184.112). “A alta da alíquota de ICMS em São Paulo, de 12% para 13,3%, afugentou compradores”, garante Assumpção. “E o fechamento do comércio no último final de semana em algumas regiões, incluindo a capital paulista, só veio piorar a situação”.

Segundo o presidente da Fenabrave, 29% das vendas da semana concentram-se no sábado e domingo, ou seja, o não funcionamento nesses dias acaba provocando queda no mercado.

LEIA MAIS

Fiat lidera em janeiro e Stellantis detém 28% do mercado brasileiro

Ano começa com venda de veículos em queda

Com relação aos componentes, ele diz que há escassez principalmente de itens eletrônicos importados, mas também faltam pneus principalmente para caminhões e implementos. “O estoque está baixíssimo e alguns modelos estão com pouca disponibilidade no mercado. Mas o movimento que vinha em um crescendo no segundo semestre de 2020 deu uma desacelerada neste início de ano”.

Mesmo considerando que historicamente o mês de janeiro costuma apresentar uma pequena retração nas vendas, já que os gastos das famílias aumentam nesse primeiro mês do ano por causa das escolas, IPVA e IPTU, dentre outras despesas, o quadro negativo começa a preocupar o setor.

LEIA MAIS

Anfavea prevê alta de 25% na produção, mas ainda vê neblina pela frente

Fenabrave prevê alta de 16% nas vendas de veículos

Assumpção Júnior admite, inclusive, que a entidade poderá rever em abril as metas de crescimento para este ano. “A situação das redes é complicada, porque iniciamos 2020 recuperando perdas de dois a três anos antes e depois tudo foi afetado pela pandemia. Agora, além da segunda onda, tivemos o aumento do ICMS em São Paulo, o que certamente afetará as vendas daqui para frente”.


Foto: Divulgação/Fenabrave

 

 

Alzira Rodrigues
ASSINE NOSSA NEWSLETTER GRATUITA

As melhores e mais recentes notícias da indústria automotiva direto no sua caixa de e-mail.

Não fazemos spam!