A Cidade Universitária da USP, na capital paulista, será palco de projeto pioneiro no mundo que contempla a construção da primeira estação experimental de abastecimento de hidrogênio (H2) renovável a partir do etanol. Com área de 425 m², a planta-piloto produzirá 4,5 quilos de H2 por hora, dedicada ao abastecimento de até três ônibus e um veículo leve.

A Toyota participa do projeto P&D Ethanol to H2 com a oferta de um modelo Mirai, o primeiro veículo a hidrogênio do mundo comercializado em larga escala, cujas baterias são carregadas a partir da reação química entre hidrogênio e oxigênio na célula combustível (Fuel Cell Eletric Vehicle).

A previsão anunciada nesta quinta-feira, 10, em evento realizado na Politécnica, da Universidade de São Paulo, é de que a estação experimental entre em operação no segundo semestre de 2024.

A Shell Brasil investiu R$ 50 milhões no empreendimento a partir de recursos obtidos via a cláusula de PD&I da ANP, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Os demais parceiros são a Hytron, a Raízen, o Senai CETIQT e a própria Universidade de São Paulo, através do RCGI, Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa.

O hidrogênio produzido na estação vai abastecer o Toyota Mirai, para checagem de sua performance, e também os ônibus da Marcopolo cedidos pela EMTU/SP, que vão circular exclusivamente dentro da cidade universitária.

“O Brasil é um País com forte vocação para biocombustíveis”, lembrou o presidente da Toyota Brasil, Rafael Chang. “Entendemos o hidrogênio como uma fonte de energia limpa e renovável, que tem um papel importante nos esforços para reduzir as emissões de CO2. A parceria neste projeto é o primeiro passo da empresa para testar localmente o uso dessa nova tecnologia”.

O executivo concluiu dizendo que a empresa tem interesse e disposição para trabalhar em conjunto com o governo do Estado de São Paulo para tornar viário um transporte sustentável com uso do hidrogênio renovável a partir do etanol.

O objetivo do projeto, como destacou o presidente da Shell Brasil, Cristiano Pinto da Costa, é justamente o de demonstrar que o etanol pode ser vetor para hidrogênio renovável, aproveitando a logística já existente da indústria. “A tecnologia poderá ajudar a descarbonizar setores que consomem energia proveniente de combustíveis fósseis”, frisou o executivo.

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Entre os equipamentos a serem instalados da estação de abastecimento, um dos principais é o reformador a vapor de etanol desenvolvido e fabricado pela empresa Hytron. É nele que irá ocorrer a conversão do etanol em hidrogênio por meio de um processo químico chamado reforma a vapor, que é quando o etanol, submetido a temperaturas e pressões específicas, reage com água dentro de um reator.

“Estamos unindo a tecnologia brasileira pioneira da Hytron para demonstrar uma solução disruptiva, onde o hidrogênio produzido do etanol passa a ter um papel ainda mais relevante e de elevado impacto para a transição energética do País e do mundo”, comentou Daniel Lopes, diretor comercial da Hytron.

Os cálculos sobre emissões e custos do processo de produção de hidrogênio serão validados ao longo do funcionamento da estação experimental. “Nossa estimativa no momento é de que o custo da produção de hidrogênio a partir de etanol é comparável ao custo do hidrogênio de reforma do gás natural no contexto brasileiro. Já as emissões são comparáveis ao processo que realiza a eletrólise da água alimentada com energia elétrica proveniente de fonte eólica”, informou Julio Meneghini, diretor científico do RCGI.


 

Alzira Rodrigues
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