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Beleza não é tudo no Renault Captur

O SUV nacional da Renault tem seus pontos mais fortes no design, espaço interno e segurança.

 

Modelo tem ótimo espaço interno, mas peca ao dispor de câmbio automático antiquado

Por George Guimarães

O genial poeta e diplomata Vinicius de Moraes, em uma frase, escancarou sua preferência pela beleza e estabeleceu um dilema no inconsciente coletivo brasileiro: ela é, de fato, fundamental? No mundo dos automóveis, sem dúvida – ainda que não o bastante para determinar o sucesso de um produto, já que a boa estética é pura subjetividade.

O Renault Captur é um exemplo bem acabado desse quadro. É patente que os designers da montadora encontraram traços que agradam a muitos e diversificados olhares. Basta uma volta a bordo do SUV ou nem mesmo isso: nas revendas efetivamente desde fevereiro, o modelo chama a atenção de quem por ele passa, sobretudo das mulheres, clientela crescente no segmento.

Ainda assim, essa atratividade não tem se refletido no fluxo das concessionárias. No acumulado até maio, foram licenciadas somente 3.346 unidades, número que o deixa apenas na 18ª posição no ranking dos utilitários esportivos mais vendidos. Seu veterano irmão, o Duster, do qual deriva a plataforma do Captur e oferecido por preços em média 15% menores, registrou no mesmo período 8,7 mil unidades vendidas, ainda que seu desenho, desde seu lançamento em 2011, nunca tenha sido o mais cultuado.

 

Andamos na versão topo, a Intense com motor 2.0 flex – que desenvolve 148 cv quando abastecido com etanol – e transmissão automática de quatro marchas, conjunto já bem conhecido no Duster e um dos pontos que mereciam maior atenção da Renault no desenvolvimento do novo SUV, mesmo que o desempenho não desagrade, em especial em estradas. Palco do maior número de lançamentos no Brasil nos últimos três anos, o segmento tem opções bem mais modernas, e de sobra, quando o assunto é caixa de transmissão.

 

Com preços a partir de R$ 88,9 mil, a Intense tem acabamento condizente com o segmento – os bancos revestidos em couro são opcionais –, mas a Renault poderia ter evitado colocar os botões de acionamento do piloto automático e do modo de condução ECO sob a alavanca do freio de mão. Repetiu erro já visto no Duster, que tinha no mesmo local o controle dos retrovisores. O ótimo espaço interno é, ao lado do desenho da carroceria, outro bom atributo do modelo, assim como o porta-malas de 400 litros.

Seguro e completo – A lista de dispositivos de segurança – o modelo obteve quatro estrelas da Latin NCAP para proteção a adultos e três para crianças – e de conforto é generosa e coloca o modelo entre os mais completos. Além de quatro air bags e freios com sistema ABS e EBD, há controles de tração, estabilidade e auxílio de partida em rampa e direção com assistência elétrica – a coluna poderia dispor de regulagem em altura.

O painel de instrumentos não tem nenhum arrojo. Ao contrário reproduz soluções já vistas em outros modelos da marca. O ar-condicionado digital e o amigável sistema de entretenimento e navegação , por exemplo, são os mesmos oferecidos há muito no Duster e antes até no compacto Logan.

Sinal que a Renault buscou ao máximo custos de produção menores para poder oferecer o Captur em uma faixa de preço mais atraente. Beleza, então, não é mesmo tudo!


Fotos: Divulgacão/Renault

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