O segmento de transporte é um dos principais propulsores das inovações implantadas pelos fornecedores de alumínio e aço no Brasil e no mundo, respondendo por fatia relevante dos negócios do setor. Na busca por materiais mais leves e resistentes, há hoje um trabalho conjunto com os implementadores para garantir rentabilidade crescente dos transportadores.

“Não somos só fornecedores de alumínio, mas também de engenharia”, ressalta o gerente de desenvolvimento de mercado e inovação da CBA, Giuliano Michel Fernandes. “Trabalhamos a quatro mãos com os nossos clientes. Tanto investimos em desenvolvimentos a partir de pedidos deles como oferecemos soluções inovadoras nas quais já estejamos trabalhando.”

A CBA registrou um aumento de 13% no volume de vendas para o mercado de implementos rodoviários no ano passado. “É um crescimento que reflete uma maior procura por materiais mais avançados e de maior eficiência”, comenta Fernandes.

A crise registrada no mercado de caminhões nos últimos anos, segundo o executivo, acabou por favorecer a indústria de alumínio: “A necessidade dos transportadores de serem mais competitivos acelerou o processo de redução de custos de produção e ampliou a demanda por materiais mais leves. As líderes do mercado de implementos puxaram esse movimento”.

E agora, com a retomada do crescimento das vendas de pesados, as perspectivas são ainda mais promissoras. Milton Rego, presidente da Abal, Associação Brasileira do Alumínio, diz que não há dúvidas quanto ao aumento do uso de alumínio no setor de transporte:

“Nossa indústria está preparada para atender as demandas desse setor. Temos condições de oferecer ligas, produtos e soluções diferenciadas e resolver um gap que o Brasil ainda tem com relação ao restante do mundo. Por isso, há hoje uma forte sinergia entre o alumínio e a indústria de implementos”.

Dentre as vantagens do material, a gerente da área técnica da Abal, Kaísa Couto, destaca a sua leveza, que garante maior capacidade de carga e, consequentemente, maior rentabilidade. “No que diz respeito à produção, tem ainda a montagem mais rápida, que dispensa pintura e traz soluções de fácil manuseio.”

Milton Rego: sinergia entre fornecedores e implementadoras.

Katia concorda com Fernandes, da CBA, que a crise e a busca por maior eficiência energética acabaram ajudando nos negócios do setor: “A produtividade no segmento de transportes passa pelo uso do alumínio. Já é realidade em outros países e hoje temos no Brasil soluções disponíveis e já testadas”.

E os investimentos são contínuos. A Novelis, por exemplo, desenvolve um novo portfólio de ligas de alumínio de alta resistência destinadas às aplicações estruturais para o setor de transportes e automotivo, segundo revela seu gerente de excelência comercial e marketing, Guilherme Superbia: “Com isso esperamos ocupar mais espaço no segmento de implementos”.

O executivo diz que a exigência por materiais mais leves e sustentáveis está impulsionando o uso de alumínio globalmente, tendência que chegará ao Brasil também. “Com a recuperação da economia no Brasil e os incentivos do governo para o setor, esperamos que o mercado brasileiro dê mais atenção para os atributos de eficiência da utilização do alumínio”. O segmento de transportes representa cerca de 30% das vendas do segmento de produtos industriais da Novelis no Brasil.

Combinação de materiais – Um movimento recente na indústria de matérias-primas é a busca de soluções multimateriais, como define a gerente da Abal, que envolve, por exemplo, o uso combinado de alumínio e aço.

O principal, como avalia o gerente da CBA, é oferecer soluções que favoreçam os clientes na busca de redução de custos e de peso. “Nosso material, o alumínio, tem de combinar com o aço em algumas aplicações. Há espaço para os dois. É muito mais inteligente trabalhar em cooperação do que ficar um material competindo com o outro.”

Dentro desse espírito de colaboração, a CBA fechou dois acordos com a indústria de aço para oferecer soluções para a indústria de implementos. “Não posso revelar nomes, mas são dois fabricantes de aço que têm P&D no Brasil”.

Dentre as novidades mais recentes apresentada pela CBA, Fernandes cita o alumínio extrudado de alta resistência, que passou a ser produzido pela empresa no Brasil no ano passado. “Havia um atraso no País em relação a esse material, que já vinha sendo utilizado em maior estala em outros países. Fomos a primeira a produzir localmente.”

Bom começo – O gerente geral de vendas da América do Sul Atlântico da siderúrgica sueca SSAB, Luiz Monegatto, destaca o bom desempenho neste início de ano das vendas para o setor de implementos rodoviários. “A linha pesada, na qual a SSAB mais atua, conseguiu registrar crescimento de mais de 50% se compararmos o primeiro mês de 2018 com janeiro de 2017. A previsão é de que o segmento continue crescendo este ano com taxas que podem ultrapassar os 20%, em média, entre todos os fabricantes”, projeta Monegatto.

O segmento de implementos rodoviários, segundo o executivo, foi um dos pioneiros na utilização dos aços especiais da SSAB no Brasil e desde 2003 vem se beneficiando das propriedades únicas desses materiais, “que possibilitam a produção de implementos em média 30% mais leves e com maior resistência e vida útil”.

Segundo Monegatto, o desenvolvimento de novos projetos em conjunto com os clientes, uma forte característica da empresa, contribui para que o fornecimento para a indústria de implementos represente 30% do faturamento da operação brasileira.

Seu portfólio de produtos é amplo e engloba desde chapas resistentes a abrasão de 2mm de espessura no grau Hardox 450, muito utilizadas no revestimento de caçambas para transporte de areia e brita, até tubos estruturais no grau Strenx 700MC, empregados em implementos florestais e canavieiros.

A indústria de implementos rodoviários também é um dos mais importantes segmentos para a NLMK no Brasil e no mundo. De acordo com Paulo Seabra, diretor geral da divisão South America, o foco maior da empresa está relacionado ao fornecimento de chapas de aços de alta resistência, principalmente aos implementos destinados à mineração e à construção.

“Cada vez mais os implementadores vêm buscando aços com nível de qualidade premium e, nesse quesito, nossas chapas de alta resistência Quard e Quend se diferenciam dos concorrentes, pois são produzidas com minério de ferro puro e não com base em sucata”, afirma o executivo.

Com relação às projeções de negócios para este ano, o diretor da NLMK diz serem bem positivas e otimistas. A empresa projeta novamente para 2018 um crescimento na ordem de dois dígitos. “Para isso seguimos investindo em logística, principalmente no aumento dos estoques para garantir pronta entrega aos clientes no Brasil.”

A empresa investe continuamente em treinamento técnico dos seus clientes, o que incluiu levá-los à matriz na Bélgica, a NLMK Clabecq. “Lá eles têm a oportunidade de absorver conhecimentos técnicos importantes que podem ser aplicados imediatamente ao retornarem para suas fábricas no Brasil, aprimorando seus produtos para um nível técnico de excelência mundial.”


Fotos: Abal/ Pixabay

Alzira Rodrigues
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