A crise que abala a Argentina e, por consequência, reduz as compras de veículos do Brasil fez a Anfavea revisar a projeção das exportações da indústria automotiva brasileira em 2019. A estimativa agora é de fechar o ano com embarque de 450 mil unidades, em queda 28,5% em relação ao volume de 2018, de 629 mil veículos leves e pesados.

A perspectiva anterior considerava remessas de 590 mil unidades, o que representaria declínio de 6,2% sobre o resultado do ano passado.

Para Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, apesar da retração nas exportações, o ambiente favorável que se avizinha no segundo semestre para o desempenho do mercado interno deverá compensar o recuo nas exportações

“Há espaço para novas reduções na taxa de juros sem provocar a inflação e a inadimplência vem em queda contínua, criando condições para aumento de oferta de crédito”, avaliou Moraes, durante divulgação dos resultados da indústria automotiva no primeiro semestre. “Também a aprovação da reforma da Previdência será decisiva para gerar expectativas de negócios e mais investimentos.”

Em estudo elaborado pela Anfavea cm base em dados do Banco Central, o saldo em carteira de financiamento cresceu 22% entre os 12 meses de maio de 2018 e 2019, de pouco mais de R$ 160 bilhões para mais de R$ 220 bilhões. “O governo também já liberou R$ 20 bilhões de depósito compulsório e, semana passada, sinalizou a liberação de mais de R$ 100 bilhões, o que deverá aquecer o mercado.”

Diante do quadro que se desenha, Moraes acredita que parte dos 140 mil veículos a menos que constavam na conta das exportações será absorvido pelo ritmo mais acelerado nas vendas internas no segundo semestre. Prefere, portanto, não alterar as projeções de crescimento em 2019 na produção, de 9%, para 3,1 milhões de unidades, e nos licenciamentos, de 11,4%, para 2,8 milhões de veículos.

As perdas que o presidente da Anfavea acredita serem compensadas, no entanto, já se mostram desafiadoras. No primeiro semestre, as remessas de veículos somaram 221,9 mil unidades, volume que representou um declínio de 41,5% na comparação com os 379 mil veículos embarcados um ano antes.

Somente em junho, as 42,1 mil unidades exportadas foram 37,9% menores em relação ao mesmo mês de 2018, quando embarcaram 64,9 mil unidades.

Acordo Mercosul-UE – A Anfavea comemora o Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e a União Europeia, vislumbrando um amplo leque de oportunidades para o setor automotivo.

Pelo pouco que se sabe até o momento, o tratado prevê 15 anos de redução de alíquotas de importação, sete deles em regime de cota, estabelecida em 50 mil veículos/ano (32 mil para o Brasil), com imposto de 17,5%.

Após o oitavo ano, o regime estabelece somente a redução da alíquota gradualmente, mas sem cotas até o 16º ano, quando então vigorará o livre comércio.

Para a indústria automotiva brasileira, isenta de cotas, Moraes acredita em nichos de mercado que poderão ser supridos com produtos nacionais, “veículos comerciais brasileiros, por exemplo, já são mostrados em salão europeus”, lembra. “O mais importante, no entanto, se quisermos jogar esse jogo, é correr com o aumento da nossa eficiência para sermos competitivos. Decisões de investimentos de agora já deverão considerar as datas do acordo.”

Por enquanto, a rotina do tratado será de gabinetes com a tradução nos diversos idiomas e análise de cada um dos países no acordo, o que deve demorar de dois a três anos. Só a partir daí, com a aprovação dos signatários, a indústria poderá iniciar o jogo.

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Décio Costa
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