As montadoras até aceleraram as entregas em novembro, mas não em volume suficiente para atender todos os pedidos feitos pelas locadoras de veículos este ano. A Abla, Associação Brasileira das Locadoras de Veículos, estima que na virada para 2021 o setor deixará de ter recebido pelo menos 100 mil carros pedidos neste segundo semestre.

“Não fosse essa pendência, poderíamos fechar o ano com frota 20% a 30% maior do que a de 2019, na faixa de 1,2 milhão a 1,3 milhão de veículos”, comenta o presidente do Conselho Nacional da Abla, Paulo Miguel Júnior”, lembrando que no final de 2019 o setor tinha 996 mil à disposição dos clientes.

Com frota abaixo das suas necessidades, muitas locadoras já não têm mais disponibilidade de veículo para locação nos feriados de fim de ano e há fila de espera entre os motoristas de aplicativos para alugar um carro. “As locadoras estão dando preferência para a locação diária que sempre tem demanda maior nesta época do ano”.

Segundo o executivo, as montadoras até ampliaram as entregas no mês passado, mas agora em dezembro as locadoras devem receber apenas entre 35 mil  40 mil veículos por causa das paralisações nas linhas de montagem nos feriados de fim de ano, o que implicará no déficit de 100 mil.

Com exceção da frota, que deve ficar um pouco acima da existente no final de 2019, todos os demais dados do setor serão negativos em 2020 por causa da forte desaceleração dos negócios entre março e maio por causa da pandemia da Covid-19.

Vários segmentos estão em crescimento, dentre os quais o de locação para turismo interno. “As pessoas estão alugando veículos até para distâncias grandes para fugir das viagens aéreas e de ônibus”, explica Paulo Miguel. Também crescer a demanda por carros por assinatura e para uso pelso motoristas de aplicativos.

“A demanda crescente neste segundo semestre, no entanto, não compensará a retração do primeiro período do ano”, explica o executivo.

A menor entrega de veículos para as locadoras decorre do movimento crescente nas vendas de varejo, que garantem maior rentabilidade para as fabricantes de veículso. Tanto é que a participação das vendas diretas no total de negócios das montadoras, que vinha num crescendo nos últimos anos, este ano está em índice inferior ao de 2019.

Conforme dados divulgados pela Fenabrave, as vendas diretas – que incluem negócios com locadoras, frotistas, empresas, produtores rurais e público PcD, Pessoas com Deficiência – representaram 45,4% dos negócios totais da indústria em novembro, ante os 49,5% do mesmo mês do ano passado.

No acumulado de 2020 essa participação é de 44%, índice que em 2019 estava em 45,8%. Segundo o presidente do Conselho da Abla, houve aumento significativo este ano das vendas para o público PcD. Essa demanda em alta é explicada pelas mudanças nas regras para essas pessoas adquirirem veículos com benefícios. São Paulo já aprovou lei para reduzir os incentivos fiscais para esse público, que entra em vigor em janeiro.


Foto: Divulgação/Abla

Alzira Rodrigues
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