Os pneus de carga importados estão com vendas em alta este ano, o que gera temor de desindustrialização no setor por conta da desaceleração dos investimentos na produção local. Diante desse risco, a Anip, Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, tenta negociar com o governo a revisão da tarifa de importação desses produtos, que foi zerada em janeiro de 2021.

Comunicado distribuído pela entidade na terça-feira, 25, revela perdas de receitas das indústrias com operações no Brasil, de aportes em novos projetos produtivos no país e crescimento do passivo ambiental, uma vez que os importadores não realizam a logística reversa de acordo com resolução que regulamenta a coleta e destinação dos pneus inservíveis.

A Anip informa que as vendas de pneus de carga nacionais para o mercado de reposição no acumulado de junho a setembro registraram o pior resultado dos últimos 7 anos e, no mesmo período, a importação de pneus de carga acumulou o maior valor dos últimos 22 anos.

“É incompreensível a política de alíquota zero adotada pelo governo brasileiro. Ao invés de estimular a produção, o emprego e os investimentos, o Ministério da Economia opta por uma estratégia que, em última instância, acentua o processo de desindustrialização do País”, avalia Klaus Curt Müller, presidente da entidade.

Dados públicos do próprio governo brasileiro, de acordo com a Anip, indicam que só em agosto deste ano foram importados 432 mil pneus, o maior volume dos últimos 12 anos para o período. Como base de comparação, a associação destaca que em todo o ano de 2016 foram importadas 835 mil unidades.

“No ritmo em que estamos, o setor estima um encolhimento das vendas de pneus nacionais de carga da ordem de 503,4 mil unidades em 2023, o que representaria uma perda de receita da ordem de R$ 500 milhões para a indústria que opera no País”, diz o executivo.

Em 2021, a perda de vendas em unidades por conta da competição dos importados foi de 300 mil unidades. Outro reflexo da alíquota zero é a reversão na balança comercial do setor, que passou a ser deficiária a partir de 2021.


 

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