Por muito tempo o Jeep Renegade disputou as primeiras posições no aclamado segmento de SUV’s compactos. Mas de alguns meses para cá isso mudou. E  muito. O reposicionamento da gama de produto com a chegada da motorização 1.3 turbo e a entrada de tecnologias de sobra, presentes já na versão Sport, demonstram que a Jeep não está para brincadeiras.

Estes conteúdos passam por 6 airbags, frenagem automática de emergência, central 7” com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, controle de estabilidade e tração, alerta de mudança de faixa, controle de cruzeiro, freio eletrônico, dentre outros. Ou seja, conforto, segurança e tecnologia (ADAS) para dar e vender. Mas a concorrência tanto interna (Fiat Pulse/Fastback) quanto externa vem trabalhando forte para morder a sua fatia de mercado.

Vi o primeiro mockup do Renegade lá em Detroit em 2014 e estava na avant première global em Genebra, Suíça. É um produto único e especial mesmo!

Mas esta não é mais uma luta apenas de apelos, mas sim de racionalidade em um mercado estritamente vendedor e de disputa comercial muito acirrada. E é partindo deste ponto que vejo estratégia comercial que na minha visão não faz sentido.

Um tema que sempre aparece hoje em todos os fóruns dos quais participo é o TCO, o Total Cost of Ownership,  pelo qual se discute o real valor de posse de um bem na ótica do cliente. Por este cálculo passam inúmeras vozes como seguro, custo de cesta de peças, mão de obra, consumo de combustível, pneus, dentre muitos outros.

A Jeep acaba de lançar uma nova versão de entrada do Renegade. Manteve nela os equipamentos que mencionei, o que ressalta a preocupação de respeitar a oferta de conforto, segurança e tecnologia para seus clientes. Foi retirado algum conteúdo? Sim. Coisas “pequenas” como rack no teto, tapetes dianteiros e traseiros, tampão do porta-malas e o filtro Healthy Cabin.

Mas não foi apenas isso. O Renegade hoje oferece 3 anos de garantia. E isso acaba indo diretamente na veia quando falamos de TCO. Para a nova versão de entrada, porém  ficou a oferta de apenas 1 ano de garantia.

A manobra é simples, acreditem. O carro não teve nenhuma mudança para oferecer menos garantia. A fábrica simplesmente foi lá no custo do carro e retirou o valor referente ao chamado custo de garantia dos dois anos subsequentes que está no resultado financeiro do modelo. O almoço nunca é grátis.

Para entender e finalizar. Imagine que seu vizinho de  tem um Renegade Sport 2023 e você tem um “básico” 2023. Ambos comprados ao mesmo tempo. O seu, comparado ao dele, não tem apenas os itens retirados que mencionei acima. Mas daqui a 1 ano a diferença é brutal. Quando as revisões forem realizadas, o dele será tratado como um carro ainda no período de garantia e o seu não. E lá se vai o TCO.

Adriano Resende é proprietário da consultoria Brand to Market e  especializado no setor automotivo


 

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