O abrupto e constante crescimento das exportações chinesas de veículos elétricos começa a incomodar em maior grau os principais países produtores e consumidores ocidentais.

Prova disso é a recente determinação da União Europeia de iniciar investigações sobre subsídios do governo chinês a esses produtos, que chegam a mercados distantes com preços considerados muito competitivos.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse esta semana, em discurso no Parlamento Europeu, que “o mercado global está inundado com carros chineses baratos” e que “os preços são mantidos artificialmente baixo por conta de enormes subsídios estatais”.

O bloco econômico europeu já iniciou a investigação, mesmo com o temor de eventuais retaliações por parte da China, o que sublinha a também crescente preocupação dos fabricantes de veículos europeus de competirem com a indústria chinesa.

Uma comissão terá até 13 meses para avaliar eventuais punições tarifárias acima da taxa padrão de 10% do bloco para automóveis elétricos fabricados na China, mesmo de marcas estrangeiras.

O Salão de Munique, Alemanha, realizado na primeira semana deste mês, teve como principal característica exatamente a presença maciça de marcas chinesas e uma profusão de lançamentos de elétricos para o mercado europeu — vários em segmentos vitais para as principais montadoras locais, como Stellantis e Volkswagen.

A União Europeia já tem definida a proibição de veículos movidos a combustão interna a partir de 2035, o que pressiona os fabricantes locais para reduzirem sensivelmente, e o quanto antes, os custos produtivos dos modelos elétricos até lá. Os carros chineses já respondem por cerca de 8% do mercado de elétricos na Europa, o dobro de dois anos atrás.

“Precisamos agora de uma estratégia industrial europeia que seja muito mais proativa, muito mais protetora dos nossos interesses industriais em relação à China e aos Estados Unidos”, disparou Bruno Le Maire, ministro das Finanças da França, em entrevista a órgãos de comunicação franceses.

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“Trata-se de concorrência desleal, não se trata de manter carros baratos e eficientes fora do mercado europeu”, completou Robert Habeck, ministro da Economia da Alemanha, que acredita que a investigação comprovará que existem violações das regras de concorrência.

Mais cautelosa, a VDA, a poderosa associação do setor automotivo da Alemanha, emitiu nota alertando para uma possível reação da China às investigações e sugerindo que as autoridades políticas deveriam se esforçar para a criação de ambiente propício para os negócios dos fabricantes europeus, como redução dos preços de insumos e de obstáculos burocráticos.

Reação imediata

A reação da China foi imediata. Já nesta quinta-feira, 14, o país criticou a investigação, chamou a decisão de protecionista e alertou para potencial impacto negativo nas relações econômicas e comerciais com o bloco.

“É um ato protecionista flagrante que pertubará e distorcerá seriamente a indústria automóvel global e a cadeia de abastecimento”, afirmou em comunicado o Ministério do Comércio chinês, que prosseguiu: “A Chinasalvaguardará firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”.

  • Texto atualizado às 15h44

 

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