Colaboração Mário Curcio

A seca que atinge a Região Norte e dificulta a navegação fluvial já afeta fábricas de motos em Manaus, AM. O problema foi admitido pelas duas maiores indústrias de motocicletas que atuam no Amazonas. A Yamaha, que hoje detém 19% do mercado brasileiro, informa estar “adequando a produção ao fluxo de chegada de insumos, reduzindo a produção e escolhendo os produtos que tem condições de fabricar”. Este ano, a empresa produziu 26,5 mil motos por mês, em média.

A Honda foi menos clara que a concorrente em seu posicionamento, mas não nega o problema. A montadora afirma que “segue monitorando a situação da estiagem e adotando alternativas junto aos seus fornecedores e parceiros de negócio para minimizar eventuais impactos em sua operação.” A Honda é líder do segmento de motocicletas, com 71% do mercado nacional. Produziu em média 99,3 mil motos por mês em Manaus de janeiro a setembro.

A seca dificulta a chegada de peças e matéria-prima para as linhas de montagem da indústria instalada na capital amazonense e prejudica o escoamento dos produtos para outros Estados. O frete cobrado na capital paulista por uma moto de baixa cilindrada (150 a 160 cc) custa hoje cerca de R$ 800,00. Os concessionários ouvidos entre os dias 7 e 9 de outubro ainda não sabem dizer “se” ou “quando” esse custo vai aumentar, mas parece inevitável.

Wilson Azevedo, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), revelou durante entrevista a um telejornal que o setor de transporte fluvial já vem aplicando um valor adicional chamado “Taxa Seca”: são cobrados até R$ 4,5 mil a mais por contêiner que chega às indústrias. E até R$ 2,6 mil a mais por aquele que deixa a fábrica.

O encarecimento se deve tanto à maior dificuldade de navegação como à menor capacidade útil dos navios. Aqueles que antes transportavam de 3 mil a 4 mil contêineres estão levando 2 mil. Para alguns segmentos da Zona Franca, como produtos eletrônicos, o valor do frete já estaria 40% a 50% mais caro.

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Há uma semana, a Fenabrave projetava 1,63 milhão de motocicletas emplacadas até o fim do ano, mas a seca poderá afetar essa estimativa. Vale dizer também que o desabastecimento não atinge toda a indústria de motos. Segundo a BMW, “o planejamento produtivo da planta Manaus não foi afetado pelos impactos da seca no Amazonas”.

Informação semelhante veio também das marcas Ducati, Kawasaki e Royal Enfield. Mas trata-se de empresas com menores volumes de produção e vendas que Honda e Yamaha. Juntas, BMW, Ducati, Kawasaki e Royal Enfield respondem por apenas 2,2% do mercado brasileiro.


Foto: Divulgação

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