Em entrevista exclusiva ao AutoIndústria, o presidente da Toyota do Brasil, Evandro Maggio, contou um pouco dos bastidores desses dez dias que se seguiram ao vendaval que destruiu a fábrica de motores de Porto Feliz, SP, resumindo o período como uma “corrida contra o tempo”.

O que pode ser definido como uma tragédia, pela extensão dos estragos causados, só não foi mais grave porque não teve nenhum ferido grave, ressaltou o executivo: “Dezoito funcionários se machucaram, mas todos já estão em casa e bem”, informou.

Ele explicou também que, em função do destelhamento total, a estrutura da fábrica de motores foi afetada, assim como a maioria do maquinário e demais equipamentos que estavam no local.

“Nem recolocamos o telhado ainda. Nossa prioridade está sendo transferir os maquinários para um galpão alugado a fim de avaliar quais e quantos poderão ser recuperados”, comentou, explicando que alguns ficaram alagados e outros foram destruídos com a queda das telhas. “É uma análise individual, que pode envolver desde a substituição de componentes até a perda total”.

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Diante da falta de previsão quanto à retomada de Porto Feliz, a empresa foi em busca de trazer motores de fora, o que só está sendo possível graças ao apoio da matriz e das subsidiárias da montadora.

Para agilizar o processo, Maggio informa que será uma importação combinada envolvendo avião e navio, com uso de todos os recursos que a empresa dispõe hoje aqui e no mundo.

“Vamos começar pelos modelos híbridos (flex e gasolina) porque, nesse caso, já havia produção no Japão, complementada no Brasil. Com relação aos motores convencionais, serão necessárias adaptações no Japão e acertos com fornecedores para garantir o nosso abastecimento. Por isso, a produção do Corolla, Corolla Cross e Yaris para exportação só será reiniciada em janeiro”.

Maggio diz que a subsidiária brasileira teve grande ajuda do Japão, com engajamento total da matriz no processo de retomada das operações no Brasil. Além disso, também destaca o apoio recebido no Brasil até mesmo de montadoras concorrentes.

“O suporte interno de governos, autoridades, associações, sindicatos, montadoras, fornecedores, distribuidores, concessionários, parceiros, colaboradores e da sociedade nas últimas semanas reforça a união de esforços em prol do desenvolvimento da indústria nacional”, avalia o executivo.

Com relação aos trabalhadores, a Toyota e os sindicatos dos metalúrgicos envolvidos em suas operações no Estado de São Paulo foram bastante ágeis.

Primeiro a empresa concedeu férias emergenciais, garantindo o salário de todos, e na sequência foi aprovado layoff nas três unidades da montadora por um período de até 150 dias. Também fornecedores da região onde a empresa opera tiveram layoff aprovado.

Diante da agilidade da montadora japonesa, que surpreendeu aos muitos que previram que a empresa só voltaria a operar no ano que vem, nem será necessário utilizar o layoff em suas fábricas de veículos, as de Sorocaba e Indaiatuba.


Foto: Divulgação/Toyota

Alzira Rodrigues
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