Por Lael Costa e George Guimarães

O Rota 2030, política industrial que entrará em vigor no primeiro dia de janeiro, deve exigir melhoria de 12%, em média, na eficiência energética dos veículos brasileiros nos próximos cinco anos. A informação é de Edson Orikassa, presidente da  AEA, a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, que vê no novo índice dificuldades ainda maiores para a cadeia produtiva, já que a base coomparativa são os atuais níveis.

“Agora será preciso investir ainda mais em tecnologias e equipamentos para se chegar lá”, diz o presidente da AEA, que destaca  que o cálculo leva a média da produção de cada montadora e que o futuro programa incluírá os comerciais leves movidos a diesel,  linha de produtos ignorada pelo Inovar-Auto.

O índice de eficência energética proposto como meta para o antigo programa  foi de 1,82 Mj/km e deve cair para algo próximo a 1,62 Mj/Km.  A ideia, entretanto, é que haja curvas de evolução diferenciadas para automóveis, comerciais leves e SUVs, outra novidade do Rota 2030.

Orikassa, porém, deixa claro que o martelo sobre todos esses aspectos ainda não está rigorosamente batido.”São tendências”, enfatiza.

Apesar das diversas incógnitas que ainda rondam o programa, representantes da AEA não têm dúvidas de que o programa fechará lacunas e fará do produto nacional um competidor à altura de qualquer mercado internacional.

“Um dos objetivos do governo é que a indústria brasileira participe das cadeias globais”, resumiu o engenheiro Marcos Clemente, vice-presidente da entidade, durante balanço dos trabalhos realizados  em 2017. “O programa prevê três ciclos de cinco anos com os olhos nos futuros acordos de livre comércio, principalmente com a Europa.”

Chamada como mediadora técnica na elaboração do Rota 2030, a AEA constituiu representantes para os sete grupos temáticos de discussão que somaram mais de 130 reuniões ao longo do ano para a definição de objetivos a serem conquistados. “Pode-se dizer que a AEA não só participou do Rota 2030, mas efetivamente contribuiu com ele”, disse Orikassa.

A AEA trouxe para a discussão do programa grupo de especialistas para tratar de assuntos como cadeia de fornecedores – outro tema ignorado pelo Inovar-Auto -, incentivo à pesquisa e desenvolvimento, eficiência energética, manufatura 4.0, segurança veicular, eletrônica, eletrificação e simplificação fiscal.

Da pauta de cada um dos grupos de trabalhos constarão medidas de incentivo ao uso de etanol, entender e determinar metas de eficiência para veículos pesados,e incentivar os veículos elétricos e híbridos. “O tema é desafiador na medida que traz novas tecnologias, mas não tanto para que não seja possível cumprir.”

Em termos de segurança veicular, parte do tema foi contemplado na recente Resolução Nº 717 publicada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), na qual determina os prazos de estudos dos requisitos legais e introdução de 38 itens. Basicamente dividido em três blocos — períodos de seis meses, 24 meses e 48 meses —, o documento prevê obrigatoriedade de sistemas semiautônomos, por exemplo, como assistente de frenagem de emergência.

Há ainda trabalhos focados na formação de pessoal, da evolução da manufatura para a chamada 4.0, da necessidade de investimentos em infraestrutura para pesquisa e desenvolvimento, como instalação de laboratório e até a ideia de investimento em startup que contribuam com o desenvolvimento de novos produtos e serviços para as empresas.

A expectativa dos representantes da AEA é de que, apesar das dúvidas, o Rota 2030 entre em vigor em 1º de janeiro de 2018, com estabelecimento de pelo menos algumas metas para evoluir e se completar ao longo do tempo.

Com o fim do Inovar-Auto, o presidente da entidade aproveitou para fornecer um pequeno balanço dos resultados do programa: R$ 85 bilhões em investimento na indústria automotiva, R$ 15 bilhões em P&D e “se a meta original de melhoria em eficiência energética era de 12%, chegamos a 15,4%, dados que não deixam dizer que o programa não deu certo”.


Foto: George Guimarães

Décio Costa
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