Por Alzira Rodrigues | alzira@autoindustria.com.br

A velha máxima de que é na crise que surgem as melhores oportunidades cai muito bem no caso da NGK do Brasil. Foi em pleno período de vendas em queda que a subsidiária negociou com a matriz no Japão um aporte no investimento de R$ 120 milhões programado para o País no período 2018-2020.

A negociação deu certo e outros R$ 87 milhões foram aprovados este ano para a ampliação em 30% da produção de isoladores na fábrica de Mogi das Cruzes, SP, que passará a ser fornecedora do componente para outras unidades do grupo. Um negócio adicional que garantirá importante incremento nas suas exportações.

“Já está acertado o fornecimento para a França e África do Sul. E provavelmente também mandaremos para nossa fábrica nos Estados Unidos”, revela o diretor administrativo da NGK, Eduardo Tsukahara. Em entrevista ao AutoIndústria, ele detalha os investimentos para os próximos três anos e fala das perspectivas positivas para os negócios locais.

O que levou a empresa a ampliar para quase R$ 210 milhões o investimento programado para o período 2018-2020?
Tínhamos programado investimento de R$ 120 milhões para o período de três anos, destinado à modernização do nosso complexo fabril de Mogi das Cruzes, em São Paulo. Mas resolvemos negociar com a matriz um adicional para ampliar a nossa produção de isoladores. E conseguimos. Serão mais R$ 87 milhões, o que nos permitirá aumentar em 30% a oferta desse item.

Essa é uma demanda do mercado interno ou externo?
Os dois. Tanto ampliaremos as vendas locais como teremos novos negócios no Exterior. Com essa ampliação passaremos a fornecedor o isolador, que é uma peça da vela de ignição, para outras unidades do grupo, incluindo a da França e da África do Sul. E provavelmente também mandaremos o componente para a nossa fábrica nos Estados Unidos.

São, então, novos mercados para a empresa?
Nós já exportamos para a Europa, Ásia e Estados Unidos, mas só componentes para o mercado de reposição e em volumes bem pequenos. O isolador só é feito aqui no Brasil e no Japão. Com essa nova estratégia passaremos também a ser fornecedor para outras fábricas do grupo.

A empresa divulga números de exportação?
Não divulgamos números. Mas certamente vamos ampliar nossos negócios externos. Não só com os demais países da América da Sul, que já são importantes mercados nossos, como também para as regiões que vão receber nossos isoladores. As transações com fábricas do grupo no Exterior serão um adicional para nós.

Qual o perfil do faturamento do grupo?
Do nosso faturamento, 30% advém de negócios com as montadoras, 40% referem-se ao mercado de reposição e outros 30% são relativos às exportações. É uma divisão bem equilibrada, o que nos favorece em períodos de crise.

Quais são os principais produtos da NGK no Brasil?
São as velas de ignição e os cabos de ignição. Também fornecemos a sonda lambda (que faz o monitoramento da emissão de gases) para as montadoras locais, mas nesse caso a partir de importação.

Por que não se produz sonda lambda aqui?
Os volumes ainda não justificam investimentos locais. Mas com a retomada da produção de veículos no Brasil e novas regulamentações de emissões talvez no futuro venhamos a pensar nisso.

Qual a expectativa da empresa para este ano?
Certamente é de crescimento em função da maior produção prevista pela indústria automobilística. E o mercado de reposição também está bem. Com os altos volumes de venda de cinco anos atrás, é maior a procura neste momento por itens de reposição.

Como serão distribuídos os R$ 210 milhões de investimento?
Mais da metade deste montante deve ser investido ainda em 2018. Todo o aporte será realizado com recursos próprios do grupo NGK, reforçando a solidez da companhia mundialmente. O projeto contempla a construção de novos prédios, aquisição de equipamentos, treinamento e recursos humanos. A área construída da fábrica será acrescida em 3,8 mil m². Em três anos deverão ser gerados cerca de 200 postos de trabalho diretos e indiretos.

Os investimentos vão em sentido à Indústria 4.0?
Temos de trabalhar muito para chegar à Indústria 4.0. Mas os novos investimentos vão garantir equipamentos mais modernos e mais produtivos. É todo um processo para que no futuro não fiquemos defasados.

A ampliação da produção de isoladores tem a ver com a retomada do mercado brasileiro?
Nossa empresa tem como política manter investimentos contínuos. Em períodos de crise a verba pode até ser reduzida, mas não descontinuada. Os estudos de viabilidade da ampliação da oferta dos isoladores foram iniciados em plena crise do mercado interno. É como dizem: é na crise que surgem as melhores oportunidades.


Foto: Divulgação/NGK

Alzira Rodrigues
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