Mantido o ritmo de crescimento da  última década, é quase certo que 2019 será o ano em que, pela primeira vez desde 1891, quando Santos Dumont rodou com o primeiro automóvel aqui, um Peugeot, veículos com câmbio automáticos responderão por mais da metade das vendasno mercado interno.

Mas assim como o carro do pioneiro aviador brasileiro, todas essas transmissões serão importadas. E assim devem prosseguir nos próximios anos, no entender de Luiz Santamaria, diretor de compras da  FCA, Celso Simomura, vice-presidente de compras da Toyota, e David Padrão, gerente de compras da Volkswagen, que participaram do Workshop Planejamento Automotivo, realizado por Automotive Business na segunda-feira, 19, em São Paulo.

Ainda que a participação dessas transmissões tenha triplicado nos últimos dez anos e a oferta seja crescente em todas as marcas e segmentos, os executivos defendem que os volumes atuais ainda não justificam a nacionalização.

“É um investimento muito alto e que, portanto, exige uma demanda igualmente alta”, afirma Simomura, que admite que estudos a respeito são permanentes na montadora japonesa. Mas, sem precisar um prazo, o executivo pondera: “Com o decorrer do tempo, isso vai acontecer”.

Porém, ele reforça que as tecnologias adotadas pela Toyota são globais, mas nem sempre elas atendem as necessidades técnicas e de custos de uma região. “Precisamos adequá-las aos mercados e produzi-las de forma competitiva.”

Padrão lembra que todos os câmbios oferecidos na linha Volkswagen brasileira vêm do Japão e regionalizar a produção é uma premissa sobre a qual a montadora vem trabalhando há muito tempo, sem, entretanto, chegar a um veredito.

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Já o diretor de compras da FCA é claramente o menos esperançoso de que poderá encontrar em algum fornecedor local, no curto prazo, os câmbios automáticos que necessita para equipar os Fiat e Jeep montados em Betim (MG) e Goiana (PE).

Há, segundo ele, outros dois empecilhos para isso, além da demanda considerada insuficiente para justificar o investimento em uma linha de produção: um mercado pulverizado e a elevada capacidade produtiva instalada nos principais polos automotivos mundiais, como o Japão.

“Seria interessante se tivéssemos uma maior padronização dos câmbios que as montadoras daqui utilizam. Geraríamos uma escala maior. Mas sou cético que tenhamos câmbios automáticos nacionais no curto prazo, até porque tem muita ociosidade lá fora”, afirma Santamaria.


Foto: Divulgação

George Guimarães
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