Após superar as dificuldades provocadas pela decisão da Ford de encerrar a produção de caminhões no País, a Eaton passa a olhar as oportunidades no horizonte próximo, em especial a tendência firme de popularização de caixas automatizadas em caminhões leves.

Mercedes-Benz e Volkswagen Caminhões e Ônibus foram as primeiras a introduzir em seus portfólios a opção da tecnologia, presente nas linhas Accelo, da fabricante de São Bernardo do Campo (SP), e Delivery, da montadora de Resende (RJ).

“Não foi um período fácil. Além de uma notícia que nos pegou de surpresa, a Eaton tinha grande participação nos produtos da Ford”, conta Sérgio Kramer, diretor de negócios para veículos comerciais. “Felizmente, com mercado brasileiro em alta, a produção das demais montadoras acabou mitigando as dificuldades. Agora, temos uma nova perspectiva com o aumento certo de fornecimento da transmissão automatizada.”

Crescimento rápido

Kramer estima que aceitação do setor de transportes por caixa automatizada poderá resultar em uma participação de 15% a 20% nas vendas de caminhões leves ainda este ano. “Enquanto a Mercedes-Benz já vende, a Volkswagen também inicia sua produção com a tecnologia e, para breve, teremos também o recurso para aplicação em ônibus leves”, adianta o diretor de negócios.

O entusiasmo do representante da Eaton se sustenta na rápida adesão do transportador pelo tipo de transmissão como já visto em outras categorias. “Dentre médios e semipesados, a presença da caixa automatizada já está próxima de 70%”. Cabe lembrar que o recurso começou a chegar nos segmentos da faixa acima de 15 toneladas em 2016 e, dentre os pesados, praticamente 100% da produção sai de fábrica com o câmbio automatizado, iniciativa pioneira da Volvo quando lançou por aqui a primeira geração do I-Shift, em 2003.

Vendas de automatizados chegam a 10%

A Mercedes-Benz foi a primeira colocar na prateleira o câmbio automatizado da Eaton para as versões 815, 1016 e 1316 da linha Accelo. O lançamento, em maio do ano passado, decorreu de testes bem-sucedidos que vinham em operações reais da transportadora Jamef. De lá para cá, segundo Wilson Battistucci, engenheiro de produto da fabricante, unidades equipadas com a transmissão já participam de 10% as vendas do caminhão.

“O transportador está vendo vantagens com a possibilidade de obter economia nos custos de combustível e manutenção. Mesmo um motorista inexperiente traz resultados melhores em relação ao que poderia fazer com um câmbio convencional”, acredita o engenheiro. “Depois, o custo adicional em torno de R$ 8 mil, representa um acréscimo muito pequeno na parcela de um financiamento.”

Não requer prática

O câmbio automatizado realmente facilita a condução de um caminhão e, nas aplicações urbana, com toda certeza, entrega benefícios a mais. AutoIndústria teve oportunidade de conferir as vantagens em trajeto urbano e rodoviário de 70 quilômetros a bordo de um Accelo 1316 carregado com sua capacidade total de 13 toneladas de peso bruto total (PBT).

Na prática, basta acelerar. A inteligência da transmissão resolve as trocas de acordo com as condições de trânsito e topografia. Alguns recursos ainda facilitam a conduções e promovem segurança, como o assistente de partida em rampa hill holder, que impede o deslocamento do veículo por alguns segundos antes do acionamento do acelerador, e a tecla Power, que reprograma o sistema para trocas de marchas mais rápidas, para uso em uma ultrapassagem, por exemplo.

Ao final, sem absolutamente nenhuma experiência de rotina na direção de um caminhão, o computador de bordo contabilizou média de 6,3 km/l. “É uma boa marca, mostra que o resultado, com a prática, pode melhorar”, pondera João Moita, motorista profissional e instrutor há mais de 50 anos e nomeado pela Mercedes-Benz como o embaixador da marca nas estradas.

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Foto: Eaton/Divulgação

Décio Costa
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