O mercado de veículos, incluindo leves e pesados, encerrou 2022 com total de 2,1 milhões de emplacamentos, o que representou inexpressiva queda de 0,72% sobre 2021. Diante do que definiu como um quadro “ainda nebuloso”, o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta, projeta a continuidade da estabilidade em 2023, com desempenho similar aos de 2022 e também do ano anterior.

“Se não tiver nenhuma novidade, repetir em 2023 os números de 2022 já será um bom resultado”, comentou o executivo. Ele admitiu que a troca de governo, com a entrada de uma nova equipe na área econômica, é um dos motivos que o faz ser conservador nas projções. “Ainda há indefinições e precisamos aguardar os próximos meses”, comentou Andreta Jr.

No balanço de 2022, o segmento de veículos leves teve queda de 1,2%, baixando de 1.974.402 para 1.957.699 unidades, enquanto o de caminhões caiu 2,1%, para 124.584. Já o mercado de ônibus teve alta de 23,4%, subindo para 21.860 unidades licenciadas no ano passado, o que contribui para a retração no cômputo geral do mercado de apenas 0,72% – de 2.119.395 para 2.104.143.

Na avaliação da Fenabrave, o segmento de ônibus será o único a seguir crescendo entre os autoveículos, que não inclui as motos. A estimativa é de expansão de 5%, para 22.953 unidades. Os segmentos de veículos leves e de caminhões ficarão estáveis.

No cômputo total, a entidade projeta 22.105.243 emplacamentos, ou seja, inexpressivo crescimento de 0,1% sobre os 2.104.143 do ano passado. Em 2019, antes da pandemia da Covid-19, a indústria automotiva brasileira vendeu quase 2,8 milhões de véiculos internamente, volume que baixou para 2.058.315 em 2020.

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“A projeção para este ano leva em conta fatores como o crescimento da renda mais limitado em 2023 e as elevadas taxas de juros atreladas à alta da inadimplência, com consequente restrição de crédito para aquisição do veículos 0 km”, analisa Andreta Jr.

Este ano, ao contrário de 2022, quando as estimativas levaram em contra os problemas na área produtiva decorrentes da falta de semicondutores, a Fenabrave admite maiores dificuldades para o consumidor realizar o sonho de trocar ou comprar um carro novo. Além das dificuldades para obtenção de crédito, o preço dos carros, em geral, subiram mais do que a inflação e, consequentemente, os salários.

Também no caso dos caminhões, avalia o presidente da Fenabrave, valem as mesmas premissas macroeconômicas citadas para automóveis e comerciais leves. Já no segmento de ônibus, a alta das passagens de avião deverá favorecer maior demanda por veículos rodoviários.

A Fenabrave, tradicionalmente, revisa suas projeções, se necessário, a cada três meses. Após estimativa inicial de crescimento em 2022, revisou sua meta em julho para estabilidade, o que acabou se concretizando. Sobre os resultados do ano passado, Andreta Jr. destaca a a escassez de peças e componentes como um dos entraves para o cresciamento, assim como o aumento da seletividade do crédito diante da alta nos juros e inadimplência.

“A inadimplência cresceu em 2022, chegando a 5,5% no nosso setor. Isso impacta muito o mercado”, concluiu Andreta Jr.


Foto: Pixabay

Alzira Rodrigues
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