Com 46,9 milhões de unidades em 2022, a frota circulante brasileira de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em 2022 cresceu 0,6% sobre 2021, mas seguiu processo de envelhecimento iniciado em 2014, quando a idade média ficou em 8 anos e 6 meses, ante os 8 anos e 5 meses dos dois anos anteriores. Desde então a idade média vem crescendo continuamente, chegando a 10 anos e 7 meses no ano passado, ante os 10 anos e 3 meses de 2021.

O levantamento anual da frota brasileira de veículos é feito pelo Sindipeças, que acaba de atualizar os dados em seu site. A entidade informa que no período de 2010 a 2022, o envelhecimento elevou-se em quase 2 anos, destacando que nos últimos 10 anos – de forma mais intensa nos anos posteriores ao biênio recessivo de 2015 e 2016, passando pela hecatombe da Covid-19 –, o mercado automotivo brasileiro tem experimentado suposto paradoxo:

“Em um País em que a relação habitante/veículo se encontra distante de mercados maduros, parece surpreender que a frota circulante cresça em ritmo tão modesto, abaixo de 1% nos últimos três anos. Razões de natureza econômica concorrem, no entanto, para
elucidar a situação, dentre as quais o incremento da taxa de desemprego nos últimos 5 anos, a redução do poder de compra e alta da inadimplência”, relaciona a entidade.

Outros itens citados são o aumento da taxa de inflação durante a pandemia e resiliência em anos posteriores, a elevação dos custos produtivos dos veículos, a alta dos combustíveis até meados de 2022 e o aumento da taxa básica de juros (Selic), reverberando
nas condições de crédito. A idade média das motocicletas ficou em 8 anos e 5 meses, praticamente repetindo o resultado dos últimos dois anos.

No segmento de autoveículos, a frota dos automóveis manteve-se no patamar de 2021 (alta insignificante de 0,3%), totalizando 38,3 milhões de unidades em 2022. Desse montante, 22,7% apresentavam idade média de até 5 anos (23,5% em 2021) e 56,2% entre 6 e 15 anos (57,1% em 2021). Os 21,1% restantes mostraram idade média acima de 16 anos (19,4% em 2021).

Os comerciais leves atingiram frota próxima de 6 milhões de unidades em 2022, observando-se incremento de 2,5% em comparação ao ano anterior. Desse total, 31,1% apresentava idade média de até 5 anos, enquanto 60,9% estava na faixa de 6 a 15 anos de uso. Apenas 8,1% nessa categoria possuía idade superior a 16 anos, sendo que em 2021 esse percentual era de 7,5%, informa o Sindipeças.

“A alta nos licenciamentos de comerciais leves no período recente tem contribuído para estabilizar a progressão da idade média do segmento. Algo na mesma direção não se verifica para os carros de passeio. Comparando-se a quantidade de licenciamentos realizada em 2022, frente a 2020, constata-se redução de 5,8% para os automóveis e crescimento de 13,3% para os comerciais leves, o que explica, em parte, o rejuvenescimento da frota de utilitários”, explica a entidade que representa a indústria brasileira de autopeças.

Os veículos flex representaram 74,4% da frota circulante no País em 2022, volume recorde para a série histórica do Sindipeças, enquanto os veículos a gasolina recuaram novamente, passando de 15,6% em 2021 para 13,5% no ano passado. A participação daqueles movidos a diesel manteve-se estável, alcançando 11,5%.

No caso dos veículos híbridos e elétricos, embora as quantidades ainda sejam pequenas, os 106,6 mil emplacamentos de 2022, com acréscimo de 63,2% em relação a 2021, contribuíram para uma participação de 0,2% no total da frota.

Com relação aos caminhões, os bons resultados de agronegócio, e-commerce, mineração e construção civil influenciaram no avanço de 2,5% da frota em relação ao ano anterior. O contingente de caminhões alcançou 2,2 milhões de unidades. “É importante mencionar que nos últimos dois anos foram emplacadas cerca de 283,4 mil unidades. Do total calculado, 22,9% apresentava idade média de até 5 anos, 48,4% entre 6 e 15 anos de uso e 28,7% superavam os 16 anos.

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Segundo o Sindipeças, as possibilidades de reversão desse fenômeno de envelhecimento da frota dependem da intensidade do crescimento das vendas de veículos novos “vis a vis” a taxa de sucateamento da frota existente e de políticas públicas que exijam a retirada de circulação das unidades mais antigos. “A aprovação e execução do Renovar e a entrada em vigência da tecnologia Euro 6 iluminam caminho promissor para que isso ocorra, pelo menos no âmbito dos veículos pesados”.

O estado com a maior frota é São Paulo (28,8% do total), seguido de Minas Gerais (13,9%), Rio de Janeiro (7,5%), Rio Grande do Sul (7%) e Paraná (6,4%0. Da frota circulante de 46,9 milhões de unidades em 2022, os veículos importados corresponderam a 14,2%,
participação semelhante à do ano anterior.


Foto: Divulgação/Sindipeças

Alzira Rodrigues
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