“Agora é correr. Nós temos de correr para faturar e o consumidor para comprar”, disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, ao comentar a MP 1.175, publicada na madrugada desta terça-feira, 6, que estabelece descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil para automóveis com preço até R$ 120 mil, além da também dar incentivos para a compra de caminhões e ônibus.

Desfigurada em relação ao projeto inicial de resgatar o carro popular, a MP acabou não contemplando a redução de impostos, que havia sido anunciada em 25 de maio, mas definiu índice de abatimento maior para os modelos mais baratos, o que acabou favorecendo o segmento de entrada.

Dentre os pontos a serem destacados, um deles é a vigência dos descontos a partir de hoje apenas para as pessoas físicas e só daqui há 15 dias, a partir de 21 de junho, para locadoras, frotistas etc. Quem comprar o carro com incentivo não pode revendê-lo durante seis meses. Carros vindos da Argentina e do México, que mantém acordos bilaterais com o Brasil, estão contemplados na MP.

Com relação à vigência de quatro meses, os incentivos podem se esgotar antes desse período por estarem limitados a concessão de créditos da ordem de R$ 500 milhões no caso dos veículos leves.

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“Considerando um desconto médio de R$ 4,5 mil, esse crédito contemplará entre 100 mil e 110 mil unidades, volume que pode ser atingido em um mês. Dai ou o programa acaba ou o governo decide por um acréscimo do valor inicial”, explicou Lima Leite.

Na sua avaliação, o resultado final da MP foi bom, fruto de um processo muito interessante: “Tive a oportunidade de falar que a Anfavea não estava participando das discussões sobre o carro verde de entrada mais acessível. Mas o programa ganhou abrangência maior e passamos a ter participação mais efetiva nos debates, o que gerou a ampliação da faixa de preço a ser beneficiada e a inclusão dos veículos pesados nos incentivos”.

Questionado se as montadoras têm garantia de receber os créditos envolvidos nos incentivos definidos pela MP, Lima Leite disse não haver nada nesse sentido. Mas lembrou que os créditos mais relevantes hoje existentes dizem respeito ao ICMS, que é um imposto estadual, e às exportações.

Também comentou não acreditar em prorrogação dos benefícios. “É uma medida pontual e acreditamos que terá efeito importante na reativação das vendas neste momento. Nós tínhamos pleiteado 12 meses até para as montadoras terem condições de apresentar produtos contemplados pelos benefícios, mas o que tá desenhado agora é que o projeto acaba no máximo em quatro meses”.

Importante, na avaliação do presidente da Anfavea, é que fique um legado no mercado que garanta sua reativação contínua a partir da MP. Sobre uma eventual manutenção dos descontos passado o período da medida, Lima Leite deixou claro que cada montadora vai adotar sua estratégia:

“O mercado é quem dita as regras”, comentou o executivo, lembrando que o segmento de entrada é o de menor rentabilidade ou até mesmo de rentabilidade zero. “Cada uma terá sua estragégia, não dá para prever o que vai acontecer após o término da vigência da MP”.


Foto: Divulgação

Alzira Rodrigues
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