Em meio aos debates sobre os caminhos da eletrificação no Brasil, os indicativos atuais mostram que ainda há resistência por parte do brasileiro aos modelos 100% elétricos. O balanço do primeiro semestre mostra que o segmento de eletrificados ganha participação no mercado brasileiro exclusivamente por conta dos híbridos.

A venda de elétricos puros teve crescimento no período similar ao do mercado total de automóveis e comerciais leves, na faixa de 10%, o que significa que a fatia do segmento – de apenas 0,4% – manteve-se estável em relação ao ano passado. Foram emplacadas apenas 3.770 unidades do gênero em seis meses, ante as 3.397 dos primeiros seis meses do ano passado.

Já no caso dos híbridos, as vendas evoluíram quase 70% no mesmo comparativo, de 16.868 para 28.470 unidades, com a participação chegando a 3% este ano, ante os 2,2% de 2022, conforme dados da Anfavea divulgados na sexta-feira, 7.

Vale lembrar que ao contrário dos modelos 100% elétricos, que dependem exclusivamente de importação, os híbridos têm modelos com produção local por parte da Toyota e Caoa Chery. Sem contar que duas gigantes do setor, a Stellantis e a Volkswagen, prometem lançamentos no curto prazo de híbridos flex a etanol.

Das grandes montadoras, apenas a General Motors garante que não seguirá o caminho dos híbridos no mercado brasileiro, partindo direto para os 100% elétricos. As demais, incluindo a Renault, admitem estudos nesse sentido.

Como disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, no Electric Days Brasil, evento organizado pela Motorsports Network em São Paulo no final de junho, não é o momento de fazer uma opção em detrimento de outra. Na sua avaliação, elétricos e híbridos flex têm de conviver harmonicamente no processo de descarbonização:

“Cabe ao consumidor escolher qual a tecnologia que considera mais conveniente utilizar no seu dia a dia”.

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Entre as marcas elétricas importadas com perspectiva de produção local têm as chinesas BYD, que produz apenas carros 100% elétricos, e GWM, que iniciou operações comerciais no Brasil com modelo híbrido. A primeira acaba de confirmar investimento de R$ 3 bilhões em uma fábrica na Bahia e a outra vai produzir em Iracemápolis, no interior paulista.

São movimentos que somados aos dos lançamentos das montadoras aqui instaladas, caso do Volkswagen ID.4, certamente vão contribuir para aumento da venda de eletrificados em geral. O que vai prevalecer internamente ainda é uma incógnita, mas pelo caminho seguido pela maioria dos fabricantes locais o híbrido flex com certeza terá espaço garantido numa eventual transição para o 100% elétrico.


Foto: Divulgação/BYD

Alzira Rodrigues
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