A abertura de mercado, com acordos comerciais como o recém-assinado Mercosu-União Européia, pode proporcionar uma real oportunidade para inserção da indústria nacional no contexto global e ao mesmo tempo contribuir para que a capacidade intelectual e o talento para a inovação sejam de fato os diferenciais competitivos tanto para as empresas como para os profissionais.

A avaliação é de Eugênio Cézare, executivo da indústria automobilística que atua há décadas na área de manufatura. Ele elencou alguns itens para reflexão sobre o papel do carro no próximo período, “para tentar compreender quais as competências estratégicas necessárias para administrar a nova onda de negócios”.

Considerando que todas as montadoras possuem operações espalhadas pelo planeta, com diversos formatos de negócios, Cézare avalia que haverá grande ociosidade, considerando a capacidade produtiva de todas as fábricas do mundo.

“Na operação de manufatura, alguns fatores adquirem enorme peso, como a relação entre os altíssimos investimentos nos processos produtivos, tecnologias embarcadas e os ciclos de vida dos produtos cada vez mais curtos”, explicou o executivo.

Para ele, a saúde da cadeia de suprimentos depende da estabilidade da demanda e dos volumes. Sem o fluxo e planejamento adequados, é inevitável o efeito chicote no setor de autopeças.

O Brasil vem perdendo posições no ranking mundial: caiu de quarto lugar em 2013 para oitavo no ano passado, com apenas 2,5 milhões de veículos vendidos, sendo que já chegou a quase 4 milhões. Ou seja, o consumo está longe do seu potencial, que, segundo especialistas, é de pelo menos 5 milhões de unidades por ano, considerando as necessidades do País e a baixa relação habitante/veículo.

“No entanto”, acredita  Cézare, “com algumas raras exceções, a indústria automotiva no Brasil não alcançou ainda um patamar de consolidação”.

Ele faz algumas considerações sobre o que o mercado reserva para o setor. A primeira delas é que o futuro é o compartilhamento, com o carro sendo considerado muito mais como um serviço de mobilidade do que um produto. Quanto à matriz e a forma de propulsão, seguem fortes as pesquisas para melhorar a eficiência energética nos motores a combustão e há investimentos nas modalidades elétrica, híbrida e célula de hidrogênio.

“A conectividade e a dirigibilidade autônoma também tem feito surgir modelos de negócios inéditos com a inserção de startups de tecnologia no supply chain”, avalia.

O executivo considera que esses desafios — aliados aos temas do momento (conectividade, eletrificação e autonomia) — exigem uma revisão total das estratégias de negócios, no Brasil e no mundo.

* Joel Leite é jornalista, palestrante e criador da Agência AutoInforme, agência especializada no setor automotivo

Foto: Divulgação

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