O Actros é exemplo de como a engenharia nacional pode proporcionar novos atributos de acordo com a realidade regional
Por Lael Costa
O Mercedes-Benz Actros chegou ao País em 2008 como um lançamento estratégico da fabricante para ser o principal motor da produção da fábrica da empresa em Juiz de Fora (MG), planta industrial inicialmente construída nos anos 1990 para ser a casa do Classe A, mas que foi completamente readequada para receber caminhões após o fracasso do projeto inicial.
A grande quantidade de conteúdo importado, o que impossibilitava financiamento via Finame, e o elevado consumo do motor V6 em comparação a outras opções existentes não fez festa no mercado, tampouco desestabilizou a concorrência estabelecida na chamada categoria de extrapesados, Scania e Volvo. Começava então um árduo trabalho para tornar o Actros mais brasileiro e pronto para atender à realidade do transporte local de carga.
Ao longo dos anos, a engenharia brasileira se debruçou no caminhão. Incorporou um novo motor, o OM 460 LA de 6 cilindros em linha com até 510 cv, simplificou sistemas, como adoção do freio a tambor em vez de discos e, mais recentemente, repaginou o interior da cabine, com novos bancos projetados de acordo com o biotipo do motorista. O caminhão ascendeu no mercado.
“Em passado recente, o Actros não era nem cogitado pelo transportador para ser utilizado na transferência da safra de grãos”, lembra Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da Mercedes-Benz no Brasil. “Hoje a realidade é outra. Caminhoneiro faz outro discurso, no qual valoriza desempenho e boa média de consumo.”
Na disputa na concorrida categoria de pesados, as vendas do Actros têm evoluído mês a mês. O topo de linha 2651 acumula até julho 298 unidades emplacadas ou pouco mais de 3,24% do segmento. Está longe da liderança, ocupada pelo Scania R440, com 1.304 unidades licenciadas até julho, o que representa 14% do mercado de pesados. O Actros 2651, no entanto, é modelo para rivalizar com os primeiros postos, isso porque depois de se tornar na medida para as estradas do país, garante rentabilidade, eficiência e segurança.
AutoIndústria experimentou o caminhão em um pequeno roteiro de pouco mais de 100 km a bordo de uma unidade em versão bitrem carregado com 57 toneladas. No comando, o experiente motorista João Moita, ex-funcionário da Mercedes-Benz e atual colaborador da fabricante, desvendou os motivos que fazem do Actros 2651 um parceiro eficaz no negócio de transporte de carga rodoviário.
Como topo de linha, a cabine do tipo Megaspace. Ampla e confortável, possui piso plano e 1,90 metro de altura interna. Na reforma que recebeu recentemente, a marca ainda recheou o interior com mais conveniências com o objetivo de minimizar a fadiga do motorista. Os bancos ganharam espumas mais densas e possibilidade de até doze ajustes tanto no assento quanto no encosto, além da região lombar. A cama recebeu revestimento mais elástico e agradável ao toque, como também mais espuma. O cockpit ainda traz tocador de CD com tecnologia Bluetooth, tacógrafo digital e volante multifunção.
No projeto nacional do Actros, a Mercedes-Benz norteou os ajustes com a promessa de reduzir os custos de manutenção do transportador. O para-choque, por exemplo, além de bipartido, traz material mais maleável, evitando quebras nos terrenos mais adversos, como os das propriedades rurais. O conjunto óptico também, compostos em duas peças, permite trocas mais fáceis. Depois, nos freios, o sistema a tambor é bem mais resistente e à prova de poeira que os discos, embora disponha deles como opcionais.
A condução do Actros 2651 responde ainda por outros ingredientes na redução dos custos do transportador. Seu pacote tecnológico é aliado tanto no consumo quanto na segurança. “O freio motor tem cinco estágios e entrega 1.110 cv de potência”, conta Moita. “Somente este recurso já possibilita ao motorista usar menos o pedal do freio de serviço e, assim, contribuir com o aumento da vida útil do sistema.”
Mais segurança e menos intervenções mecânicas também proporciona o sistema de frenagem de emergência presente no modelo. O chamado ABA, do inglês Active Brake Assist, é capaz de detectar obstáculos à frente e, se não houver atitude do motorista, freia o conjunto antes da colisão. “O sistema utiliza freio motor, o retarder e os freios do cavalo-mecânico e da carreta. Ou seja, é mais eficiente que só uso do pedal de freio que, em casos assim, o condutor usaria.”
Outros dispositivos presentes no caminhão não só contribuem com a segurança, mas também na rentabilidade da operação. O modelo possui sistema de controle de proximidade que, além de monitorar o tráfego, adapta a velocidade de acordo com o veículo à frente preservando distância segura. E se ainda o motorista eventualmente se distrair, recurso de orientação de faixa de rolagem avisa o condutor de qualquer invasão na faixa vizinha.
O projeto nacional do Actros proporcionou ao caminhão atributos próprios para a realidade nacional e indicadores que devem garantir a rentabilidade nas transferências de carga. No percurso de 130 km pelo bom piso do Rodoanel, nos arredores da Grande São Paulo, o Actros 2651 fez 2,10 km/l a velocidade média de 56 km/h.
Fotos: Mercedes-Benz/Divulgação
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