Por George Guimarães

Em 2018 a Gates completará exatos 50 anos de produção no Brasil. A tradicional fabricante de correias, tensionadores e mangueiras para aplicações automotivas, agrícolas e industriais estourará o champanhe das bodas em ambiente mais do que favorável, afinal sua recente trajetória no mercado brasileiro faria brilhar o olhar de qualquer administrador.

Os negócios totais da operação sul-americana têm crescido aos pulos nos últimos três anos, período em que muitas empresas amargaram vermelho profundo nas planilha. Cresceram 20% no ano passado e devem encerrar 2017 com índice de evolução semelhante. O objetivo para 2018 é somente um pouco mais modesto: crescimento de 16% sobre este ano.

Sidney Aguilar, diretor de vendas e marketing para América do Sul, diz que curvas de desempenho dessa natureza chegam até a preocupar. Afinal, quase todos os produtos que a Gates vende no mercado interno ou mesmo envia para vários países sul-americanos saem de Jacareí (SP). Apenas uns 5% do portfólio vêm de outros países. “São produtos de aplicação restrita, dedicados a por exemplo, alguns modelos de automóveis importados, de demanda limitada e que não justificaria a produção local”, esclarece Aguilar.

O complexo industrial na cidade do Vale do Paraíba congrega mais de novecentos funcionários em duas fábricas — uma de correias e outra exclusiva de mangueiras —, além de um dos dois centros de distribuição na região — o segundo está localizado em Buenos Aires, Argentina. E as fábricas têm trabalhado em dois turnos e meio, em média, com algumas áreas com menor ou maior folga.

Ainda assim, diz Aguilar, a empresa não projeta qualquer expansão física ou de capacidade. Os investimentos previstos para o ano do cinquentenário objetivam muito mais a atualização dos processos produtivos e ganhos de eficiência. “Serão i recursos significativos para a atualização do maquinário”, afirma o diretor de vendas e marketing, sem, entretanto, revelar cifras.

A Gates está instalada no interior paulista há 47 anos. Os três primeiros anos da empresa norte-americana no Brasil tiveram como palco a cidade de São Paulo, em planta localizada no bairro do Belenzinho, na Zona Leste. A reposição segue como seu maior filão de negócios, responde por cerca de 70% do faturamento da operação e cresceu expressivos 25% em 2016, mesma variação que Aguilar estima para 2017.

O diretor de vendas calcula que a empresa deve deter algo próximo de 35% desse mercado. “Se não formos a primeira marca, estamos muito próximos da líder”, diz Aguilar, que assegura ter dificuldade para mensurar precisamente a participação dos diversos concorrentes devido à enorme variação de produtos e aplicações.

A cada ano, exemplifica, a Gates lança de setenta a oitenta correias somente para o segmento automotivo. Sem contar produtos para o segmento agrícola, hoje responsável por uns 30% das vendas do aftermarket. “Só uma colheitadeira tem dezenas de correias e mangueiras”, lembra Fabio Murta, gerente de marketing da empresa para a América do Sul, que calcula que o catálogo de correias da Gates cobre mais de 90% dos veículos do parque circulante nacional.

Novos segmentos – Crescer mais 16% no ano que vem, admite Aguilar, dependerá muito menos de uma consistente recuperação do mercado OEM – que impacta pouco nos negócios da empresa no curto prazo – ou da própria economia e muito mais de esforços de vendas para roubar participação dos concorrentes e até de entrada em novos segmentos.

E Aguilar e Murta revelam que a Gates não tardará a fazer importantes movimentos em especial nesse segundo campo.  Até o fim do primeiro trimestre do ano que vem, confirmam, a marca norte-americana estará estampada em produtos ainda inéditos no mercado interno, mas que são conhecidos lá fora.  E representarão vendas totalmente adicionais, já que nunca foram objeto de importação. “Vamos incomodar produtos e marcas tradicionais do mercado brasileiro, por isso não revelo agora quais serão eles”, justifica Aguilar.


Foto: Divulgação

George Guimarães
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