Enquanto o mercado cresce 14%, ela registra avanço de 36%. A participação de mercado no ano subiu dois pontos porcentuais, a maior evolução dentre todas as marcas de ponta. Nos últimos doze meses a empresa já colocou nas revendas onze novos veículos e versões e número semelhante está programado para o próximo ano e meio.

Este cenário quase paradisíaco para uma montadora é a realidade da Volkswagen no Brasil. Depois de ver seus produtos perderem atratividade, vendas despencarem e participação submergir nos últimos anos, a montadora definitivamente encerrou esse ciclo em 2018 e vestiu, de fato, o rótulo de “Nova Volkswagen”, expressão sempre esgrimida por Pablo Di Si em todo e qualquer pronunciamento desde que ascendeu ao cargo de CEO da América Latina há pouco mais de um ano.

Uma boa parte do que pode ser materializado desse já quase slogan está no Salão do Automóvel de São Paulo até o próximo domingo, 18.  Da versão elétrica do Golf, que chegará por aqui em breve, e esportivas do Polo e Virtus, até o futuro SUV compacto nacional T-Cross e a grande surpresa da Volkswagen na mostra: a picape-conceito Tarok.

Di Si não revela uma data precisa para a chegada deste novo e inédito comercial leve que preencherá o enorme hiato — de tamanho e, sobretudo, preço — hoje existente entre a Saveiro e a grandalhona argentina Amarok. Mas não ultrapassará dois anos, admite.

 

Ou seja: de conceito mesmo a Tarok não tem quase nada mais, trata-se de um produto em vias de entrar na linha de montagem. E, pelo que se vê no estande da montadora e se sabe nos bastidores, mesmo esteticamente. A não ser por ainda uma certa indefinição da orientação das lanternas traseiras — se serão horizontais, como apresentadas no salão, ou verticais, como tem sido aventado também em clínicas a consumidores — quase nada mudará.

A Volkswagen justifica a investida no segmento com projeções. As vendas de picapes médias no mercado brasileiro, calcula a empresa, deverão crescer 36% nos próximos cinco anos. Mas de quebra, antes disso, a Tarok deve roubar vendas da Renault Oroch e, especialmente, da líder Fiat Toro, concorrentes únicas diretas da futura Volkswagen.

O modelo tem projeto e linhas desenvolvidos por engenheiros e designers da operação brasileira. Apresentado para o board global da empresa, recebeu imediato aval até mesmo para exportação para vários países. “Não estranhem se virem a Tarok participando dos principais salões internacionais”, afirma Di Si.

A picape facilitará o caminho da marca para retornar à tão almejada reconquista da liderança, perdida há quase duas décadas. Mas não só ela. Mais do que o comercial leve, é sobre o T-Cross, primeiro utilitário esportivo nacional da Volkswagen, que Di Si deposita as maiores esperanças de fazer da montadora novamente a líder em vendas no Brasil. Quem sabe já no fim do ano que vem.

Vendas da  marca cresceram 36%, mais que o dobro do mercado

“2019 é o ano-chave para a Volkswagen do Brasil”, pontuou, enfaticamente, em conversa durante o salão paulistano. Isso porque a montadora, ainda que crescendo o dobro da média do mercado, faz isso sem usufruir integralmente da expansão dos SUVs aqui, que já respondem por um quarto das vendas nacionais. Seu atual único produto, o importado Tiguan Allspace, tem preços a partir de R$ 125 mil, faixa naturalmente de vendas mais restritas.

O T-Cross deve ter sua versão de entrada abaixo dos R$ 100 mil, onde estão concentradas a maioria das vendas de SUVs e dos mais recentes lançamentos das concorrentes. Prova disso é que, indagado se não teme alguma canibalização de versão superior, por exemplo do Virtus, com preço acima de R$ 80 mil, o CEO da Volkswagen disse não acreditar: “Acho muito difícil pelo perfil dos produtos e dos consumidores”.

Na verdade, Di Si entende que o utilitário esportivo representará vendas adicionais quase integralmente, com muitos clientes migrando de outras marcas. O que não deixa de ser uma preocupação a mais para a montadora, que agora se debruça sobre planos para aumentar a produção na região, em particular nas plantas brasileiras, que, além da Tarok, abrigarão outros veículos em mais dois anos, inclusive um de entrada.

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Hoje as unidades paulistas de São Bernardo do Campo e São Carlos (motores) já trabalham em três turnos, enquanto a de Taubaté opera em dois. E São José dos Pinhais, que ainda atua em um turno, ficará bem ocupada com a chegada do T-Cross.

Como, além dos futuros produtos, “que são até mais arrojados do que a Tarok”, como diz o próprio Di Si,  a empresa vislumbra novo crescimento de dois dígitos do mercado brasileiro em 2019, ter um plano de expansão da produção para rápida aplicação, caso necessário, será fundamental para os objetivos da marca.

O executivo, contudo, descarta qualquer necessidade de investimentos em mais uma fábrica ou mesmo fazer uso de unidades da recém-engendrada parceria global com Ford. “Os planos com a Ford são de âmbito mundial. Quando tivermos novidades, contaremos. Antes temos que aumentar a produtividade nas nossas atuais fábricas. Há muito espaço físico nelas”, enfatiza.


Folto: Divulgação/ Volkswagen

George Guimarães
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