A aprovação do projeto de lei 304/2017 pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal na quarta-feira (12), que estabelece o fim dos veículos a gasolina e diesel a partir de 2030, pegou de surpresa a Anfavea, a associação que reúne as montadoras instaladas no País e que vem debatendo medidas para redução de emissões de poluentes há anos.

A entidade até já tinha discutido o tema na Comissão de Meio Ambiente (CMA), que avalia projeto similar, de número 454/17, mas desconhecia o do senador Ciro Nogueira (PP-PI) que acabou passando na CCJ. Em curta nota oficial, a Anfavea deixa claro que o setor tem um programa a seguir, o Rota 2030 — que, pode-se dizer, seria literalmente atropelado caso o PSL 304/17 viesse a ser aprovado pelo poder legislativo — e defende a participação da indústria e de todos envolvidos com essa questão em um amplo debate do gênero.

“A posição da Anfavea é respeito à previsibilidade do programa Rota 2030, que estabelece metas de eficiência energética e redução de emissões até 2034”, destaca a nota. “A entidade está sempre aberta a debater novos passos em relação à matriz energética brasileira e à melhoria do meio ambiente, juntamente com especialistas de todas as áreas envolvidas no tema (setores de energia, logística, infraestrutura, transportes), além da academia, da sociedade e, claro, do setor automotivo”.

LEIA MAIS

CCJ aprova projeto que proíbe carro a gasolina no Brasil em 2030

Eficiência energética e emissões: benefícios do Rota 2030 e riscos do Proconve.

Rota 2030: definidas as instituições que receberão recursos para P&D.

De acordo com a Agência Senado, pelo PLS 304/2017 os carros movidos a biocombustíveis, como o etanol, assim como os carros elétricos, continuariam liberados. O projeto segue agora para votação na CMA, que, segundo a Anfavea, tem projeto similar que já tinha sido debatido com a equipe técnica da entidade.

Em outubro passado, representantes da entidade estiveram no Senado Federal para discutir a questão da emissão de poluentes com membros da CMA. A expectativa é a de que os dois projetos em debate na casa – da CCJ e da CMA – acabem sendo transformado em um só, após debate mais amplo com a sociedade e entidades envolvidas na questão, inclusive a dos transportadores e cegonheiros, por exemplo.

FROTA DE 44,8 MILHÕES DE VEÍCULOS

A proibição de circulação de veículos a gasolina e diesel a partir de 2030 envolve uma série de questões, dentre as quais o que fazer com a frota de 44,8 milhões de veículos em circulação hoje no País. E o transporte rodoviário? Sem dúvida seria um grande problema, porque a grande maioria dos caminhões e ônibus são diesel e é realmente difícil criar infraestrutura adequada em apenas 10 anos para garantir uma frota de veículos elétricos, por exemplo.

LEIA MAIS

Frota brasileira cresce para 44,8 milhões de veículos

Como diz uma fonte do setor, não tem como virar a chave de uma hora para outra. Até mesmo países como a Alemanha, que definiu para 2040 o fim do uso de combustível fóssil em seus veículos, avaliam fatores paralelos, como a forma de geração de energia que abasteceria os veículos elétricos. Se não for uma energia limpa, não se justifica a substituição.

O Rota 2030, vale lembrar, contempla três etapas de 5 anos, com término previsto para 2034. E tem como uma de suas principais metas justamente a eficiência energética, ou seja, carros mais econômicos e menos poluentes. A Anfavea, por sua vez, tem por objetivo protagonizar esse debate, tanto é que programa para março um workshop para falar de emissões.

A ideia é mostrar como esta a situação do Brasil nesse quesito e o que pode ser feito mais pelo meio ambiente. Além do workshop, também será feito um fórum para mostrar, entre outras coisas, como a questão das emissões vem sendo tratada em outros países.


 

 

Alzira Rodrigues
ASSINE NOSSA NEWSLETTER GRATUITA

As melhores e mais recentes notícias da indústria automotiva direto no sua caixa de e-mail.

Não fazemos spam!