A Stellantis não tem — tanta — pressa para ter veículos híbridos fabricados no Brasil. Mas, para chegar à meta de alcançar 20% de eletrificados vendidos no mercado interno em 2030, a montadora, que aqui congrega quatro marcas com produção nacional, tem trabalhado discreta mas incessantemente no desenvolvimento de motorização híbrida flex.

Carros híbridos que utilizam conjuntamente um motor elétrico e outro movido a álcool e gasolina em qualquer proporção já não são novidades. A Toyota, por exemplo, vende o Corolla com a tecnologia há três anos. Então qual a dificuldade da Stellantis?

João Irineu, Diretor de Compliance de Produto e Regulamentação da Stellantis, responde com ênfase: “Queremos ter tudo desenvolvido e fabricado aqui”.

O executivo diz que a montadora, líder em vendas no Brasil e América do Sul, trabalha com o horizonte de oferecer um amplo leque de soluções eletrificadas fabricadas na região, de híbridos leve ou híbrido plug-in a até mesmo, lá na frente, quando o mercado estiver suficientemente desenvolvido, os totalmente elétricos a bateria e, por que não?, a célula de combustível a álcool.

O roteiro dessa trajetória, deixa transparecer Irineu, terá como primeiro passo um conjunto motriz híbrido leve, ou seja, um pequeno motor elétrico de 12v a 48v a auxiliar o a combustão. A tecnologia capaz de economizar de 7% a 20% de combustível talvez esteja no mercado em dois ou no máximo três anos, embora a montadora não sinalize  oficialmente um prazo.

Importar parte ou o sistema completo é uma estratégia totalmente descartada pela Stellantis, assegura Irineu. A montadora vê no desenvolvimento local maneira de manter saudável parte de sua base local de fornecedores, que naturalmente terá enorme desafios com a ascensão dos carros eletrificados e elétricos.

A produção local também atenuaria potenciais riscos logísticos para o fornecimento em larga escala no futuro e, paralelamente, poderia resultar em custos menores, fator fundamental em um mercado de menor poder de compra.

Segundo o diretor da Stellantis, um sistema híbrido leve custa hoje para as montadoras algo como € 500, cerca de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil. “Seria um começo mais viável para a eletrificação da produção local, de maior alcance comercial e escala, o que permitirá aos fornecedores avançarem depois para sistemas maiores e mais caros.”

Os motores híbridos a etanol integram regionalmente o plano mundial Dare Forward 2030 da Stellantis e que projeta a descarbonização completa de todo o ciclo produtivo e produtos da empresa até 2038, com redução de 50% já em 2030.

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Se para Brasil e região as vendas de eletrificados devem girar em 20% até o fim desta década, a Stellantis estima, nesse mesmo prazo, estar vendendo 100% de elétricos na União Europeia e 50% nos Estados Unidos.

O ritmo mais lento  de avanço de produtos eletrificados aqui leva em conta os custos substancialmente maiores dos veículos a bateria, os chamados BEVs, e o fato de Brasil dispor da tecnologia do etanol, combustível renovável e altamente eficiente quando considerado o ciclo “do campo à roda”, segundo Irineu.

“A Stellantis trabalha com  matriz energética múltipla para aproveitar as vantagens competitivas regionais rumo à propulsão mais limpa. O etanol é um forte aliado na redução das emissões de CO2 e a combinação com a eletrificação é uma alternativa competitiva de transição para a difusão da eletrificação no Brasil e mesmo em outro mercados. É a jaboticaba que todo mundo gostaria de ter.”

 


Foto: Divulgação

George Guimarães
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