O presidente de honra do Simea, Gastón Diaz Perez, também presidente e CEO da Robert Bosch América Latina, resumiu em uma frase o debate atual e mundial sobre descarbonização. “Há países que só têm uma carta, só podem apostar nela. Nós temos todas as cartas, temos um baralho completo”.

Na avaliação de Perez, que foi um dos participantes da abertura da 30ª edição do Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva, promovido pela AEA nesta quarta-feira, 16, no Novotel Center Norte, na capital paulista, não tem lugar melhor para se falar em mobilidade sustentável do que no Brasil.

Citando o etanol, motor flex, biodiesel e a energia elétrica gerada a partir de fontes limpas, o executivo previu que o País vai virar um dos maiores produtores de hidrogênio do mundo. “Temos o baralho completo e só precisamos definir como vamos jogar nossas cartas. Não há soluções excludentes e é nesse cenário que devemos trabalhar”.

A mesma linha de raciocínio foi apresentada pelos demais participantes da solenidade de abertura do simpósio, incluindo os presidentes da Anfavea, Márcio de Lima Leite, e do Sindipeças, Cláudio Sahad.

“Por que não criarmos competências brasileiras que possam ser exportadas?”, questionou Lima Leite. “Etanol é uma solução excepcional.  Se todos os veículos flex, que respondem por 80% da nossa frota, rodassem com etanol, nosso país teria o equivalente a 8 milhões de veículos elétricos circulando em nossas ruas e estradas”.

O presidente da Anfavea voltou a defender a adoção de medidas de conscientização sobre a importância de se utilizar o etanol no âmbito da sustentabilidade ambiental.

Sahad, do Sindipeças, comentou que o Brasil tem condições geográficas que favorecem os biocombustíveis renováveis e possui a matriz energética mais limpa do mundo:

“Entendemos que as diversas rotas tecnológicas vão coexistir no mundo de acordo com as regionalidades e nós podemos nos tornar, em paralelo ao desenvolvimento de novas tecnologias, um centro produtivo de motores e veículos à combustão. Temos de ter política pública para isso e estamos conversando atualmente com o governo”.

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Também participaram da abertura a secretária executiva de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Juliana Cardoso, e o diretor do departamento de biocombustíveis do Ministério das Minas e Energia, Marlon Arraes.

A secretária falou sobre a importância da participação do governo paulista em medidas que visam a transformação tecnológica em curso, lembrando que das 27 empresas do setor automotivo instaladas no Brasil, 23 estão em São Paulo.

Arraes, por sua vez, expôs a ampla gama de soluções alternativas existentes no País, dizendo que vai demorar muito tempo para a frota mundial de veículos ser toda eletrificada. “Com os nossos biocombustíveis, podemos contribuir para uma descarbonização mais barata. Faremos processo de consulta pública sobre o biodiesel já no próximo mês”, informou.

O Simea 2023 encerra-se nesta quinta-feira, 17, com um painel pela manhã que discutirá “O futuro da mobilidade sustentável” e três palestras a tarde, seguidas de debate, sobre tendências tecnologicas. A sessão de encerramento do simpósio será conduzida por Marcus Vinicius Aguiar, presidente da AEA, e por Gastón Diaz Perez, presidente de honra do Simea 2023.


Foto: Divulgação/Bosch

Alzira Rodrigues
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