Com 80% de suas vendas concentradas em produtos de entrada, a queda das taxas de juros e aumento da participação dos financiamentos e dos consórcios nos negócios têm feito muito bem à indústria nacional de motocicletas. Em curva ascendente no pós-pandemia e depois de avançar 16% no passado, os licenciamentos e a produção em 2024 seguem ladeira acima.

Osetor totalizou no primeiro trimestre 432,4 mil unidades negociadas no varejo, um robusto crescimento de 21,1% sobre o resultado de igual período do ano passado e o maior número em 13 anos. Só em março foram vendidas 152,7 mil motos, 4,6% a mais do que em igual mês de 2022.

Com a maior oferta de crédito e taxas mais atraentes, as negociações à vista estão cedendo lugar gradativamente para outras modalidades de compra. As vendas financiadas, por exemplo, passaram de 34% em 2022 para 37% no encerramento de 2023, enquanto os consórcios responderam por 35% das unidades que chegaram às ruas ante 30% de um ano antes.

Esse ritmo dos negócios na ponta do varejo naturalmente acelera a produção no Polo Industrial de Manaus — sem também percalços maiores de falta de componentes, como há três anos, ou o enfrentamento da seca nos rios da região que tanto atrapalhou a logística de chegada de componentes e escoamento da produção ao longo do ano passado.

De acordo com a Abraciclo, Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, de janeiro a março foram produzidas 438 mil motocicletas na capital do Amazonas, alta de 10,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.

A exemplo do que ocorreu com as vendas, também foi  o melhor desempenho alcançado pelo setor para o primeiro trimestre em mais de uma década, mais precisamente desde 2012.

Ajudaram nesse volume as 156,3 mil unidades que saíram das linhas de montagem no mês passado e que representaram avanço de 11,3% diante do alcançado em fevereiro e 2,5% acima do registrado no mesmo mês de 2023.

“A tendência é que esse ritmo seja mantido ao longo do ano, pois a procura pela motocicleta como solução de mobilidade ou para o trabalho segue em alta”, afirma Marcos Bento, presidente da Abraciclo.

Apesar dessa análise da entidade que representa onze fabricantes — a 11ª acaba de se associar, a indiana Bajaj —, a Abraciclo prefere manter ainda a projeção inicial de produção de 1,69 milhão de motos  em 2024, quantidade que significará crescimento médio de 7,4% sobre as 1,57 milhão fabricadas em 2023 e que estabeleceu o melhor resultado desde 2014. Bento, entretanto, já admite que poderá rever essa projeção em breve.


Foto: Divulgação

George Guimarães
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