joão doria

Empresa deve gerar quatrocentos empregos, mínimo para receber incentivos estaduais

Depois de Carlos Zarlenga, presidente da empresa, insinuar em janeiro, em comunicado interno, que a empresa poderia deixar o País, a General Motors do Brasil conseguiu negociar com fornecedores, trabalhadores e governo melhores condições para operar em São Paulo e nesta terça-feira, 19, confirmou investimento de R$ 10 bilhões no Estado no período de 2020 a 2024.

O anúncio do aporte e dessa reviravolta coube ao governador paulista, João Dória Júnior, em solenidade no Palácio dos Bandeirantes, da qual participaram também representantes dos sindicatos dos metalúrgicos, trabalhadores e, obviamente, Carlos Zarlenga, recentemente alçado ao cargo de presidente da GM América do Sul. A montadora promete gerar quatrocentos novos empregos no Estado.

Em seu discurso, o governador garantiu que em dezembro, antes mesmo de tomar posse, foi procurado pelo vice-presidente da montadora, Marcos Munhoz. “Marcamos uma reunião para o dia seguinte, ocasião em que fui informado da decisão da matriz da GM de fechar as fábricas paulistas de São Caetano do Sul e São José dos Campos. Foi uma surpresa total e pedimos sessenta dias para tentar reverter tal decisão”, contou Dória.

De lá para cá a GM negociou com fornecedores, conseguindo, segundo Zarlenga, o não repasse da inflação e até mesmo redução de preço, assim como também com os trabalhadores, que abriram mão de alguns direitos, e com os concessionários, que reduziram margem.

Há onze dias o governo de São Paulo lançou o IncentivAuto, que prevê desconto de 2,5% a até 25% de ICMS sobre os carros que forem produzidos a partir do novo investimento.

A estimativa de geração de emprego com o novo investimento da GM é exatamente o mínimo exigido pelo governo paulista para que uma empresa se enquadre nesse novo programa de incentivo ao setor automotivo. As empresas precisarão aderir ao regime e todo o valor aplicado deverá ser feito no Estado de São Paulo.

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Os interessados no IncentivAuto inicialmente deverão apresentar os projetos para serem avaliados por uma comissão que julgará sua viabilidade econômica e prática. Uma vez aprovados, passam a ser acompanhados pela Investe São Paulo, Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, por meio de relatório demonstrativo semestral do cumprimento do cronograma de execução do projeto de investimento.

Além dos benefícios prometidos pelo governo paulista, também a prefeitura de São Caetano do Sul decidiu apoiar a permanência da GM no município. Nesta terça-feira, entregou à câmara dos vereadores projeto de lei com pacote de incentivos fiscais à indústria de veículos, que têm duração de oito anos e incluem isenção no IPTU, uma alíquota menor para o ISS, ainda não divulgada, e descontos nas tarifas de água e esgoto, também não detalhados.

Zarlenga não quis detalhar quanto do investimento será direcionado para cada fábrica e nem quais os lançamentos programados. Disse apenas que o aporte abrange novos produtos, modernização fabril e ganhos de competitividade em geral.

Sindicato — Em nota, o Sindicato dos Metalúgicos de São José dos Campos e Região, disse que espera  que seja garantida estabilidade no emprego a todos os atuais funcionários da empresa. “Não faz nenhum sentido”, afirma a entidade, “a empresa receber benefícios fiscais do Estado — dinheiro que deixa de ser investido na saúde e educação —, com o argumento de geração de emprego e permitir, ao mesmo tempo, o desligamento de trabalhadores da fábrica”. “É inaceitável também que o acordo sirva para baratear o custo de demissões”, acrescentou.


Foto: Divulgação/Palácio dos Bandeirantes

Alzira Rodrigues
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