Incorporação de tecnologias e equipamentos pressionarão custos produtivos, aponta estudo de consultoria
Os consumidores que estão pensando em comprar um automóvel nos próximos dois anos devem levar essa possibilidade mais a sério. Estudo da consultoria IHS Markit, apresentado no Workshop Planejamento Automotivo ABPLAN 2020, indica que o preço do carro médio no Brasil aumentará de forma mais acentuada a partir de 2022.
O preço do automóvel médio brasileiro hoje gira em torno dos R$ 75 mil. Segundo Roberto Barros, consultor da IHS, o valor cresceu em torno de 20% acima da inflação nos cinco anos compreendidos entre 2013 a 2018.
Contribuíram para isso vários fatores como a adoção de mais equipamentos por conta da legislação, fim de incentivos fiscais e oferta crescente de recursos de conforto, como câmbio automático, presente agora em cerca da metade da produção brasileira.
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Outro importante aspecto que acelerou os aumentos no período foi a alta ociosidade nas linhas de montagem. “Na média, a taxa de ocupação ficou em apenas 54% no auge da crise, bem abaixo dos 67% que consideramos ideal para que as empresas não se vejam obrigadas a repassar custos para o cliente final”, diz o consultor, que já identifica taxa de ocupação acima de 60% este ano.
Exatamente por isso, aponta o estudo da IHS, nos últimos 15 meses os aumentos têm apenas acompanhado a inflação. Comportamento semelhante, revela a consultoria, deve ser verificado no transcorrer de 2020 e 2021. “Isso se o governo não encontrar maiores dificuldades pela frente, o que poderia influenciar esses números.”
Esse quadro, contudo, tende a ser alterado com a chegada de novos veículos que atendam as diretrizes técnicas estabelecidas no Rota 2030. O programa exigirá a incorporação de equipamentos nos veículos e as montadoras tenderão a repassar os custos, inclusive do desenvolvimento de soluções que propiciem maior eficiência dos motores, ao cliente final.
Barros espera que já em 2022 o valor médio esteja até acima dos R$ 85 mil. “Isso se o governo não encontrar maiores dificuldades pela frente, o que influenciaria esses números”, alerta o consultor.
Para determinar o avanço do preço do automóvel médio entre 2013 e 2018 a IHS levou em consideração também a maior oferta de utilitários esportivos nas linhas de cada marca. Sabidamente mais caros do que hatches e sedans, atualmente os SUVS respondem por cerca de um quarto do mercado brasileiro de automóveis, contra fatia de 10% em 2013.
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A atual relação entre o valor do carro médio e o salário mínimo coloca o Brasil entre os países onde a aquisição de um automóvel é um sonho de difícil concretização. A IHS afirma que, para comprar um carro médio, o brasileiro necessita do dinheiro acumulado em 145 meses, enquanto nos Estados Unidos são 15 meses, 24 meses no Japão, 25 na França e 35 na Espanha.
Até na Argentina o consumidor precisa de menos tempo: 142 meses. “Ganhamos apenas do México, onde a compra do carro médio demanda o salário de 190 meses.”
Ilustração: Pixabay
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