Os entusiastas e candidatos a compradores das versões híbridas dos Jeep Renegade e Compass terão que ter um pouco mais paciência. Inicialmente confirmados para o fim deste ano, os dois modelos, assim como o Fiat 500 elétrico, igualmente importado, chegarão aqui, na melhor das hipóteses, em meados de 2021.

O adiamento de pelo menos seis meses do lançamento dos três veículos é apenas parte do reestudo das ações que a montadora está encaminhando para País a partir da súbita mudança das economias interna e global e da constatação de que o mercado brasileiro de veículos registrará um drástico recuo em 2020 e lenta recuperação a partir de 2021.

Antonio Filosa, CEO da FCA na América Latina, tem sobre a mesa projeção de que as vendas de veículos no Brasil cairão de 35% a 40% este ano, ainda assim se os negócios começarem a acelerar, em alguma medida, a partir de maio ou mais concretamente no mês seguinte.

“Este segundo trimestre será crítico. Esperamos uma retomada no terceiro trimestre e um quarto trimestre um pouco mais forte”, declarou o executivo em entrevista ao site Automotive Business, que não confirmou quando as fábricas sul-americanas retomarão a produção. “Talvez em maio, mas em etapas.”

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Pronta, Nova Strada chegará às revendas com pelo menos três meses de atraso.

Avançando mais no que considera, no momento, quase um exercício de futurologia, Filosa antevê crescimento cadenciado nos próximos três anos na América Latina. “Talvez em 2023 poderemos retornar ao patamar de 2019, que já não foi um ano bom na região.”

Isso porque, se de um lado o Brasil manteve curva ascendente, a Argentina, segundo maior mercado da América Latina, viu sua crise agravada no ano passado. Se três anos antes as vendas de veículos estavam na casa das 850 mil unidades  no país vizinho — e o setor ambicionava superar 1 milhão de veículos —, foram negociados menos de 450 mil em 2019.

Com as dificuldades acentuadas agora pela pandemia da Covid-19, o mercado interno argentino passará por outro tombo em 2o2o. O principal executivo da FCA projeta não mais do que 250 mil veículos.”É praticamente o que se vende na Colômbia. Se não for superado pelo Chile, ficarão muito próximos.”

É este imaginado cenário de curto prazo, admite Filosa, que motivará a postergação, além dos eletrificados, da chegada às ruas de alguns dos novos veículos e atualização de modelos atuais. E, importante, muito mais relevantes em decorrência dos volumes e segmentos envolvidos.

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Filosa não identifica quais, mas afirma que alguns projetos serão mantidos e outros adiados por pelo menos seis meses. A montadora tinha previsto, por exemplo, dois SUVs Fiat e mais um Jeep para 2021, projetos que consomem boa parte do atual ciclo de investimentos de R$ 14 bilhões — ou R$ 15 bilhões, a depender do câmbio considerado — iniciado em 2018 e que já teve sua conclusão prorrogada de 2022 para 2023.

Os utilitários esportivos Fiat, em especial, devem estar no primeiro grupo. Isso porque a marca é a única entre as líderes que não dispõe de representantes no segmento, o segundo maior do mercado intenro, o que mais cresceu nos últimos cinco anos e que foi responsável por 27% dos licenciamentos do primeiro trimestre.

PARTICIPAÇÃO DE 20% NA MIRA

E o CEO da FCA não esconde o objetivo de alcançar em 2020, e manter em 2021, no mínimo 20% do mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves, somadas imaginadas participações de 15% da Fiat e 5% da Jeep

Não é tarefa das mais simples, ainda que a nova geração da picape Strada, que chegará às revendas não antes de julho, possa representar um importante fôlego extra para a marca. Por outro lado, a concorrência tem engatilhados projetos que disputarão com fortes atributos potenciais consumidores tanto da Fiat como da Jeep.

E Renegade e Compass, responsáveis por 99% de tudo que Jeep vende no Brasil, começam a ter a condição de líder e vice-líder do segmento ameaçados. A atualização de ambos está dentre os projetos que passam por análise da montadora para postergação ou não.


Foto: Divulgação

 

George Guimarães
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