A falta de matérias-primas e componentes, como semicondutores e pneus, continua afetando a indústria automotiva brasileira, que produziu em fevereiro apenas 197 mil veículos, uma queda de 3,5% sobre o mesmo mês de 2019. Desde a crise de 2016 não havia um número tão baixo para o mês e março deve ser ainda mais crítico diante das já anunciadas paralisações da General Motors em Gravataí, RS, e da Honda em Sumaré, SP.

O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, reconhece que as paradas em andamento este mês vão afetar as vendas internas, exportações e até mesmo a cadeia fornecedora, que terá de se adaptar aos novos programas das fabricantes. “Março é preocupante”, admitiu o executivo.

Ele disse que a entidade não chegou a fazer projeções para o mês, mas admitiu que tudo indica que haverá nova queda. Os dirigentes da Anfavea concentraram-se nas duas últimas duas semanas em preparar material para a coletiva de imprensa desta sexta-feira, 5, durante a qual Moraes mostrou números do Custo Brasil e enfatizou a importância da vacina para que o País volte a crescer.

“Temos duas crises se agravando. A sanitária é a que mais preocupa, pois vem ceifando cada vez mais vidas de brasileiros. A crise conjuntural, consequência da primeira, vem desorganizando toda a cadeia global de fornecimento e provocando gargalos e paradas cada vez maiores nas fábricas”, comentou o presidente da Anfavea, lembrando que a situação piora com a fragilidade estrutural do ambiente de negócios no Brasil, que não vem sendo atacada adequadamente pelas várias esferas do poder público.

A consequência disso tudo, segundo ele, é um horizonte absolutamente nebuloso para o planejamento estratégico das empresas. Com relação ao desempenho do primeiro bimestre deste ano, Moraes comenta que os números até foram bons considerando que muitas empresas não deram férias coletivas em janeiro e trabalharam até durante o Carnaval para tentar compensar atrasos e paradas por falta de insumos e recompor os baixos estoques.

No acumulado de janeiro e fevereiro, foram fabricadas 396,7 mil unidades, com pequena alta de 0,2% sobre idêntico período de 2020. O mercado interno, no entanto, está em retração neste início de ano. Com 167,4 mil licenciamentos no mês passado, registrou-se queda de 16,7% sobre fevereiro do ano passado e de 2,2% sobre janeiro. As vendas totalizaram 394,5 mil no bimestre, recuo de 14,2% em relação a idêntico período de 2019.

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No que diz respeito à crise sanitária, Moraes informou que a Anfavea, preocupada com o ritmo lento da vacinação no Brasil e com os reflexos disso na saúde da população e na economia do País, aderiu em fevereiro ao movimento apartidário Unidos Pela Vacina, criado pelo Grupo Mulheres do Brasil, liderado pela empresária Luiza Helena Trajano.

Além de terem esquema específico para acompanhar casos de Covid-19 em suas instalações, as associadas da Anfavea estão em contato com várias prefeituras para facilitar apoio logístico de transporte e armazenagem, e também para oferecer as estruturas médicas das fábricas (enfermarias e profissionais de saúde) para
campanhas de vacinação.


Foto: Divulgação/Anfavea

Alzira Rodrigues
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