Por Lael Costa, de Mogi das Cruzes, SP

A Scania escolheu o Brasil para lançar seu mais novo produto global, o Heavy Tipper, um veículo desenvolvido especialmente para atender ao segmento de mineração. Após quatro anos de desenvolvimento e dois de testes, a fabricante chegou a uma solução intermediária, inédita no mercado, na qual se posiciona entre os modelos rodoviários adaptados para a aplicação e os gigantes da chamada linha amarela.

De acordo com a fabricante, o novo veículo entrega mais produtividade e menores custos se comparado aos veículos disponíveis para a mineração até agora. O Heavy Tipper proporciona ganhos reais de 25% a mais de carga líquida, 5% a mais de disponibilidade, redução de 13% no consumo, 15% a menos no custo da tonelada transportada e 5.000 horas a mais de vida útil, por volta de 1 ano a mais de trabalho. Nos campos de minério, um caminhão é frequentemente sucateado após três anos de uso ou 18 mil horas de uso.

“Hoje, um caminhão 8×4 com PBT de 50 toneladas transporta, em média, 32 toneladas de carga líquida nas minas. Com o Heavy Tipper, na mesma configuração, ganhou PBT de 58 toneladas, o que eleva a capacidade para 40 toneladas de carga útil”, exemplifica Celso Mendonça, diretor de desenvolvimento de negócios da fabricante. “Isso significa que posso reduzir uma operação de dezoito caminhões para dezesseis.

O executivo usa como referência uma mina com potencial de produção de 5 milhões de toneladas por ano, na qual o ciclo de trabalho é de 45 minutos (tempo entre carregamento do minério, deslocamento até a unidade de beneficiamento e o retorno à lavra). No caso, o custo da tonelada transportada cai de R$ 3,60, com um caminhão rodoviário adaptado, para R$ 3,26 com o Heavy Tipper.

As vantagens oferecidas pelo novo modelo da montadora carregam os princípios do seu sistema global de produção modular, processo que permite construir o caminhão de acordo com a necessidade do cliente. Como um Lego, a fabricante usa menos componentes para fazer mais. “Temos dezessete tamanhos de cabines, mas o para-brisa é um só”, resume Mendonça. “Com isso temos menos desperdício, ganhamos em disponibilidade de peças, além de tornar mais fácil o treinamento de mecânicos.”

Para se tornar um Heavy Tipper, os times de engenheiros da Suécia e do Brasil projetaram uma nova estrutura para o caminhão, com eixos reforçados e mais espessos, nova caixa de câmbio com anéis sincronizadores tratados com fibra de carbono, molas mais largas, como também sistema de freio e de direção redimensionados.

A gama Heavy Tipper é composta pelos modelos G 480 8×4 e P 440 6×4. Ambos trazem motor de 13 litros com 480 cv e torque de 2.400 Nm de 1.000 a 1.350 rpm e 440 cv e torque de 2.300, de 1.000 a 1.300 rpm, respectivamente. A linha Scania rodoviária habitualmente usada pelo segmento com motores de 400, 440 e 480 cv nas configurações 6×4, 6×6, 8×4 e 10×4 segue em oferta.

Os novos caminhões, no entanto, são apenas uma fração da estratégia planejada pela Scania para a mineração. Com eles a fabricante também pode levar uma série de ferramentas e serviços com o objetivo de elevar a eficiência do negócio. A marca criou Scania Mining, unidade de negócio ao segmento, na qual reúne atividades e processos específicos, desde possibilidade de gerenciamento de frota por meio da conectividade em tempo real às oficinas e lojas de peças no local do cliente.

“Levamos os princípios da produção Lean Manufacturing para mina”, diz Björn Windblad, diretor de operação da Scania Mining. “Não se trata de consultoria. Estamos junto do cliente para melhorar o padrão da operação, reduzir o desperdício e os custos por tonelada a partir das variáveis tempo, carga, estrada, segurança e sustentabilidade.”

O lançamento dos Heavy Tipper no Brasil tem motivos a mais para a marca. O País, juntamente com o Chile e o Peru estão no radar da Scania como promissores para os próximos anos. Depois das compras realizadas em 2011 e 2012, a crise arrefeceu o ânimo do segmento, além de derrubar os preços das commodities do mercado internacional. Enquanto a tonelada de minério de ferro era negociada a US$ 200 por volta de seis anos atrás, passou período cotada a US$ 40. Hoje, é comprada a US$ 80 com um câmbio favorável, além de coincidir com a volta de grandes projetos de mineração, casos de ouro na Bahia e bauxita na região Norte.

Para o lançamento do Heavy Tipper a Scania preparou diversos eventos para clientes, tanto locais quanto internacionais. Em uma semana a fabricante já negociou em torno de 190 unidades, 45 delas para mineradoras do Brasil. “Em um único pedido, 100 caminhões seguiram para Índia”, revela Fabrício Vieira de Paula, gerente da operação Scania Mining no Brasil e avalia: “o caminhão veio para levar a Scania a outro patamar no segmento.”

De acordo com o gerente, em um mercado de 600 unidades, como foi o ano passado, a Scania detém 33% de participação no segmento e, com os Heavy Tipper, obter 45% até 2020, quando a expectativa é de um mercado de 1.200 unidades.


Foto: Scania/Divulgação

Décio Costa
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