AToyota do Brasil confirmou nesta quarta-feira, 19, que suspenderá o terceiro turno nas unidades de Sorocaba e Porto Feliz, no interior de São Paulo, a partir de 5 de agosto. Com essa redução, serão fechadas 840 vagas de trabalho, via PDV, Plano de Demissão Voluntária, e não renovação de contrato de trabalho temporário.

O terceiro turno foi implantado nas duas fábricas em novembro passado para atender a um pico de alta demanda nos mercados da América Latina. Em Sorocaba a empresa produz os modelos Etios e Yaris e em Porto Feliz os motores 1.3 e 1.5, que equipam os referidos modelos.

Na ocasião, segundo a montadora, foram admitidos, em caráter temporário, 130 colaboradores na planta de Porto Feliz e 740 na operação de Sorocaba. A crise no mercado argentino e a variação cambial, no entanto, acabaram levando a empresa a anunciar, no final de maio, que diminuiria em 340 vagas o quadro de funcionários de Sorocaba.

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Essa redução se deu via PDV (contratos efetivos) e não renovação a partir de 17 de junho de parte de contratos temporários ligados ao terceiro turno, totalizando 340 dispensas. Agora a montadora revela que, além desse corte, não renovará outros 400 contratos de colaboradores por prazo determinado em Sorocaba e 100 na unidade de Porto Feliz. Esse contingente será desligado em agosto com o fim do terceiro turno.

“Todas as pessoas envolvidas nesta situação, ligadas ao terceiro turno, portanto, terão o suporte e o respeito por sua contribuição para a Toyota do Brasil”, informa a empresa em nota.

Também nesta quarta-feira, 19, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) informou que havia negociado há pouco mais de um mês uma alteração no calendário de trabalho com o objetivo de salvar postos de trabalho.

“Só que um mês depois, de forma unilateral, a Toyota anunciou o fechamento do terceiro turno e, por conta das demissões, decidimos não discutir nenhum ponto da pauta enviada pela montadora no início das negociações”, informa o SMetal.

A pauta era para rever benefícios dos trabalhadores de Sorocaba, como adicional noturno, reajuste salarial e mais 18 itens para que a planta pudesse se adequar à nova realidade do mercado. Ainda segundo o sindicato, a produção total de carros da fábrica de Sorocaba, prevista para este ano, era de 160 mil unidades. O volume foi revisto inicialmente para 141 mil, caiu para 136 mil e, agora, deve ser de 125 mil automóveis, mesmo número de 2018. Antes de ser atingida pela crise a Toyota previa a produção de 200 mil veículos até 2021.

“Temos insistido e trabalhado para buscar novos investimentos e políticas de desenvolvimento para viabilizar a volta ao trabalho dos que estão sendo demitidos. É preciso investimento dos governos nos âmbitos estadual e federal”, comenta o presidente do SMetal, Leandro Soares.

A Toyota exportava 30% de sua produção de Sorocaba, sendo 93% desse total destinados à Argentina. “A mesma política neoliberal que foi implantada no país vizinho, que reduz a intervenção do Estado nas políticas industriais, por exemplo, está sendo conduzida no Brasil. O cenário econômico no nosso país também exige total atenção para que se evite chegar a uma recessão como a vivida na Argentina, avalia o economista da subseção do Dieese dos Metalúrgicos de Sorocaba, Fernando Lima.

De acordo com informações forcecidas pela montadora ao sindicato, entre pátio e concessionárias a Toyota já contabiliza 32 dias de estoque de Etios e Yaris, sendo que antes esse volume restringia-se a uma semana.


Foto: Divulgação/Toyota

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