A FCA está desenvolvendo o primeiro motor turbo a álcool. Esse ineditismo mundial chegará ao mercado brasileiro no transcorrer do ano que vem e, segundo a montadora, como um dos mais eficientes motores fabricados e vendidos no País.

Mas João Irineu, diretor de Assuntos Regulatórios e Compliance da montadora, afirma que ele representará mais ainda. Será, no entender do executivo, também a terceira fase da história do etanol, iniciada nos anos 70 e que teve uma segunda etapa, após declínio no mercado ao longo dos anos 90, com o advento da tecnologia flex em 2003.

É uma trajetória de evolução que completará oficialmente exatos 40 anos nesta sexta-feira, 5. Foi neste mesmo dia de 1979 que a montadora iniciou a produção comercial, em Betim (MG), do Fiat 147 com um motor alimentado integralmente com o combustível.

O pontapé dessa importante fase da indústria automotiva brasileira foi uma versão de 1.3 litro, quatro cilindros e 62 cavalos de potência. Pelo forte cheiro de álcool que exalava o escapamento, o 147 rapidamente ficou conhecido como “Cachacinha”, apelido hoje destacado pela própria montadora com carinho.

Para comemorar a data, a empresa resgatou o primeiro exemplar do lote fabricado naquele 5 de julho. O carro foi vendido à época para o Ministério da Fazenda, em Brasília, onde foi utilizado durante 30 anos. Está totalmente original, sem qualquer restauro. A montadora agora encaminha tratativas para incorporá-lo a seu acervo de carros nacionais.

Se a produção do primeiro carro a etanol começou em junho de 1979, seu desenvolvimento teve origem em 1976, ano de inauguração da fábrica de Betim e do lançamento do primeiro carro nacional da marca: o próprio 147, mas movido a gasolina.

“Vivíamos a era do Pró-Álcool, programa nacional para combater a crise do petróleo. A ideia era desenvolver uma alternativa viável à gasolina. Um desafio imenso”, lembra Robson Cotta, gerente de Engenharia Experimental, que ingressou na montadora apenas três anos depois do lançamento do 147 a álcool.

Mas os esforços da indústria em desenvolver a tecnologia e do governo em incentivar o consumo do combustível deram resultado já na década seguinte. Na segunda metade dos anos 80, os automóveis a etanol respondiam por mais de 90% das vendas no mercado interno.

O próprio desempenho de mercado do Fiat 147 a álcool comprova o sucesso: em apenas oito anos, entre 1979 e 1987, quando o modelo saiu de linha — cedendo lugar definitivamente ao Uno, lançado três anos antes —, foram negociadas 120,5 mil unidades. Uma participação de peso: nesse mesmo período, a Fiat vendeu 754 mil veículos, somando automóveis e comerciais leves.

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A elevação do preço do açúcar no mercado internacional atraiu as usinas, que reduziram a produção do etanol nos anos 90. A menor oferta gerou filas nos postos e desabastecimento e o combustível passou a ser visto com desconfiança pelo consumidor, que voltou sua preferência novamente para a gasolina, então beneficiada pela redução do barril de petróleo no mercado internacional.

Cotta e o 147 a álcool  do primeiro lote de produção resgatado

Os motores flex trataram de resgatar o etanol e, segundo a FCA, o combustível deve ser a alternativa que melhor responderá às necessidades de emissões e eficiência no País nas próximas décadas. João Irineu entende que o etanol tem, e será,  muito ainda a evoluir e o vê em motores híbridos e até mesmo nas chamadas células de combustível:

“O etanol foi e sempre será estratégico para a companhia. Começamos há 40 anos com um sistema de carburador e hoje trabalhamos no desenvolvimento do turbo, injeção direta e  série de alternativas que melhorarão o desempenho em relação ao motor a gasolina”.


Foto: Divulgação/FCA

George Guimarães
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