Após confirmar o adiamento do Salão do Automóvel para 2021, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, revelou nesta sexta-feira, 6, a criação de um grupo de trabalho para reavaliar o formato do evento, que pode inclusive ser realizado em outro lugar e até mesmo outra cidade. A decisão quanto ao adiamento ocorreu após 15 marcas terem anunciado que não participariam do salão este ano.

Desde o seu início, há 60 anos, a principal mostra do setor automotivo brasileiro sempre aconteceu na capital paulista, primeiro no parque do Ibirapuera e logo na sequência no Centro de Exposições do Anhembi. Na década passada mudou para o São Paulo Expo, na rodovia dos Imigrantes. Dentre outras mudanças em estudo está a possibilidade de venda de carros durante a exposição, como acontece na Fenatran, do setor de transporte.

Para justificar a decisão de adiar o Salão do Automóvel deste ano, Moares citou vários números, mostrando os prós e contras do evento. Segundo ele, as montadoras gastam para participar da feira entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões, o que inclui aluguel do espaço, montagem do estande, logística, shows etc. “Temos até gasto com o CET”, lembrou o presidente da Anfavea.

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Em contrapartida, são movimentados na cidade de São Paulo cerca de R$ 300 milhões, com a geração de 30 mil empregos temporários. “Ou seja, o salão tem um impacto total direto de R$ 620 milhões”, complementou. Outro ponto positivo é a presença de um público da ordem de 750 mil visitantes, o que é positivo para a imagem do setor automotivo brasileiro.

A questão, no entanto, é que as montadoras ainda operam com ociosidade e atualmente enfrentam problemas com exportações. “Nos últimos 10 anos as matrizes enviaram US$ 24 bilhões para as subsidiárias brasileiras. O momento é difícil. Daí surgiu a pergunta: será que conseguimos fazer o mesmo com menos?”

Moraes lembra que mundialmente os salões de automóveis estão sendo repensados. O de Detroit, nos Estados Unidos, mudou a data de janeiro para junho e o de Frankfurt, na Alemanha, mudará de local. Três cidades alemãs concorreram ao direito de sediar o salão e Munique acabou sendo a vencedora, com a proposta de investir no evento.

“Batemos o martelo quanto ao adiamento para 2021 ontem (quinta-feira, 5)”, garantiu Moraes. “Ainda não temos data e local. Tudo será devidamente debatido no grupo de trabalho, que entre outros itens avaliará um novo formato do evento”.

Como o São Paulo Expo já está alugado para o período de 12 a 22 de novembro, quando ocorreria o Salão do Automóvel, a Eeed Exhibitions Alcantara Machado promete realizar algum outro evento nesse período. Segundo o presidente da Anfavea, ainda não há nada definido. “O que tem de certo é que o Salão do Automóvel não ocorrerá este ano. Será em 2021, em data e local ainda a serem acertados”.


Foto: Divulgação/Volkswagen

Alzira Rodrigues
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