A Ford e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC fecharam acordo coletivo para os trabalhadores afetados pelo encerramento das atividades na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) até o fim do ano.

O acerto inclui Plano de Demissão Incentivada (PDI), apoio psicológico, programa de requalificação profissional com cursos realizados em parceria com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e possível antecipação do encerramento das atividades de manufatura, medida dependente da negociação com o potencial comprador da planta.

A montadora assegura que segue em tratativas com empresas interessadas. O Grupo CAOA, maior revendedor da  Ford no Brasil e que fabrica automóveis e comerciais leves Hyundai e Chery em Anápolis (GO) e Jacareí (SP), é cotado como o mais provável novo proprietário da planta do ABC.

Uma compensação financeira para cada funcionário também será definida com base na combinação de condições empregatícias (mensalistas e horistas), tempo de trabalho e de eventual contratação do funcionário pelo potencial comprador da unidade de São Bernardo do Campo.

Para os horistas da produção, o PDI tem como base índices que variam de 1,5 a 2 salários por ano trabalhado, com estabelecimento de um valor mínimo. Ao metalúrgico que participar do processo de seleção e for contratado pelo novo grupo que vier a adquirir a fábrica, será oferecido o índice de 1,5.  Aqueles que não forem contratados ou que decidirem sair em definitivo, sem passar pela seleção, receberão o pacote de incentivos com base em 2 salários.

O desligamento dos trabalhadores interessados em ficar na nova empresa só acontecerá após o processo de seleção. Caso a venda não se concretize todos receberão o valor maior.

O mesmo princípio é adotado no caso dos mensalistas. Mas, para aqueles que seguiremna nova empresa, será destinado 0,75 do salário por ano trabalhado. Quem sair recebe 1 salário por ano trabalhado. Também foi estabelecido um valor mínimo.

A Ford, contudo, informou ao Sindicato que deverá manter uma parte dos mensalistas do setor administrativo. Na negociação com a montadora, o sindicato conseguiu garantir a estes trabalhadores a permanência em São Bernardo do Campo até pelo menos março de 2020.

Em fevereiro, quando anunciou o fechamento da planta, onde também é produzido o hatch Fiesta e trabalham cerca de 3 mil pessoas, a Ford afirmou que a decisão resultaria em despesas de cerca de US$ 460 milhões.

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“Foram mais de 40 dias de luta. Durante todo esse tempo, dialogamos intensamente com a empresa, a sociedade e a matriz da Ford nos Estados Unidos”, disse Wagner Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. “Atingimos nosso objetivo com um acordo importante para os trabalhadores e uma proteção adicional, uma vez que essa negociação independe da venda da fábrica”, adicionou José Quixabeira de Anchieta (Paraíba), coordenador geral do SUR/CSE.

“Em um momento desafiador como este, a Ford e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC construíram, em conjunto, um resultado benéfico aos funcionários no aspecto econômico e social”, afirmou Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul. “Considero esse processo negocial como exemplar e manteremos de forma contínua o diálogo aberto com todos os envolvidos”.

Santana antecipou que o objetivo do sindicato agora é garantir a manutenção da fábrica com novos proprietários, e que ela continue fabricando caminhões. “As negociações estão acontecendo e vamos discutir com eles, no momento certo, as condições de trabalho daqueles que serão admitidos por esse novo patrão”, afirmou.


 

Foto: Divulgação/Ford

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