A queda de 76,8% nas vendas de abril deste ano com relação ao mesmo mês de 2019 e de 27,1% no acumulado do primeiro quadrimestre fez o mercado de automóveis e comerciais leves retroceder 14 anos, voltando aos níveis de 2006, segundo revela o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.

Foram vendidas em abril apenas 51.362 automóveis e comerciais leves, contra os 221.292 do mesmo mês do ano passado. No quadrimestre, o segmento totalizou 583.905 unidades, ante as 801.280 do período de janeiro a abril de 2019. A Fenabrave, que já pleiteou junto a todos os governos estaduais a reabertura local das concessionárias, vem atuando em várias frentes em busca de medidas que atenuem a forte crise vivida hoje no setor.

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Segundo a entidade, em nove Estados – Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – as concessionárias de automóveis e comerciais leves já voltaram a operar, em alguns casos com escalonamento de dias de funcionamento ou outras restrições similares. As revendas de caminhões, ônibus e máquinas agrícolas estão funcionando em todo o País.

O consumidor, no entanto, se mantém retraído, seja por medo da contaminação ou por outros receios, como por exemplo o de perder o emprego. “Nos locais onde as concessionárias estão funcionando, verifica-se queda de 40% a 80% no volume de vendas. Estimamos uma retração média de 50% nas lojas que já abriram”, comenta Assumpção Jr., destacando que a retomada do mercado se dará de forma gradual mesmo após o término das medidas de isolamento social ora vigentes.

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O maior problema, segundo o empresário, é justamente a falta de previsibilidade de retorno e liquidez, para sobreviver. “Não sabemos como o consumidor vai se comportar daqui para frente. Pode haver, inclusive, mudança no mix de demanda por modelos, com aumento de procura por versões mais baratas, por exemplo. É uma incógnita o que vai acontecer”.

Outro pleito da Fenabrave para tentar movimentar o mercado diz respeito à reabertura dos Detrans. “O consumidor pode utilizar o carro tendo apenas a nota fiscal, mas muitos estão postergando a compra alegando que preferem esperar o documento oficial”.

Segundo Assumpção Jr., o fato de os Detrans não estarem emitindo os documentos não influi no balanço da vendas. “O que vale são os dados do Denatran, onde a compra é registrada assim que a nota fiscal é emitida”.

A Fenabrave, que continua defendendo a retomada total das atividades do setor no País, ressalta que as concessionárias de veículos – no total são 7,3 mil – não são locais que provocam aglomerações. “Estamos prontos para voltar com total responsabilidade e seguindo, rigorosamente, todos os protocolos de saúde e cuidados sanitários, preconizados pela OMS, Ministério da Saúde e demais autoridades sanitárias”, comenta o presidente da entidade.

Com relação aos problemas de caixa das concessionárias, a Fenabrave informa que está se reunindo, semanalmente, com a equipe da SEPEC, Secretaria Especial da Produtividade, Emprego e Competitividade, que faz parte do Ministério da Economia, para que linhas de crédito possam chegar, rápida e efetivamente, às concessionárias, a juros razoáveis, para que essas tenham condições de manter seus negócios até a recuperação do mercado.

“Sem liquidez, os concessionários, que respondem por 5,12% do PIB, e os mais de 315 mil empregos gerados diretamente por eles estarão em risco, pois, mais de 30% das empresas do setor talvez não tenham fôlego para chegar ao final deste mês”, alerta Assumpção Jr.


Foto: Divulgação/Fenabrave

Alzira Rodrigues
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