A Mercedes-Benz incorporou no portfólio de ônibus urbano o chassi que chamou de Super Padron O 500 R 1830. Inédito no segmento, o novo produto aceita carrocerias de até 14 metros, o que o torna o maior 4×2 para aplicações urbanas. Ao inaugurar categoria, o veículo se apresenta como alternativa intermediária entre os convencionais Padron de 13 m e os articulados de 18 m na linha da fabricante.

O lançamento, no entanto, também se baseia na tendência de redução na demanda de passageiros no transporte público. De acordo com Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing da Mercedes-Benz do Brasil, nos últimos cinco anos o segmento urbano contabiliza perda de usuários de maneira sistemática e agravada devido à pandemia no ano passado.

“O sistema de transporte público por ônibus roda hoje com 50% a 55% do volume de passageiros que atendia antes da pandemia e sem perspectiva de retornar aos 100%. Deverá ocorrer um aumento, até em virtude da evolução do programa de vacinação, mas não mais como era no passado”, observa o representante da fabricante.

O impacto no mercado não deixa dúvidas de quanto o segmento de ônibus sofre com a pandemia. Segundo números da Mercedes-Benz, nos dois primeiros meses do ano as vendas de chassi urbano recuaram 64%, de 1,4 mil unidades entregues no primeiro bimestre do ano passado para 517 chassis.

Diante de cenário pautado por demandas menores, o novo chassi da Mercedes-Benz busca atender linhas nas quais o modelo urbano tradicional ficou pequeno e o articulado grande. Mas não só. O veículo chega também para contra-argumentar as razões de uso de ônibus de 15 metros, concebido com um segundo eixo dianteiro direcional para aumentar capacidade de passageiros, uma opção apresentada pela Volkswagen Caminhões e Ônibus em 2019.

Com o Super Padron a marca pretende convencer o transportador com vantagens operacionais, a começar pela capacidade. O novo produto pode ser configurado para acomodar até 100 passageiros, praticamente o mesmo volume da opção de 15 metros, de 115 passageiros. Depois, por ter um eixo a menos, a Mercedes-Benz pontua custos menores de manutenção.  O chassi ainda entrega mais conforto, em função do motor traseiro e da suspensão pneumática, embora este último item também esteja presente no veículo da concorrência.

A novidade da fabricante de São Bernardo do Campo (SP) tem vocação para atuar em sistema BRT, corredores ou faixas exclusivas de ônibus. O chassi é do topo piso alto e pode receber carrocerias com até cinco portas. Traz motor de 310 cv a torque de 1.200 Nm (122,4 kgfm) associado a uma caixa de câmbio automática de seis velocidades da ZF com freio auxiliar retarder. Sua capacidade é de 19,6 toneladas de peso bruto total. “Os números entregam a melhor relação peso-potência do segmento”, observa Barbosa.

Alguns itens de conveniências também surgem como inéditos dentre as opções de chassi urbano do mercado, caso do volante multifuncional. Outro recurso que contribui na condução do veículo é o chamado Eco Suporte, conjunto de indicadores de desempenho no painel de instrumento que ajuda o motorista a estabelecer metas de direção mais econômicas.

O projeto do novo veículo resulta de um investimento em torno de R$ 1 milhão, mas especialmente da sinergia a partir do próprio portfólio da Mercedes-Benz, cabe lembrar que a linha O 500 R deriva de produtos para o segmento rodoviário. “Combinar soluções de diferentes chassis que já temos dentro de casa reduz tempo e custo”, resume Barbosa.

A expectativa do diretor de vendas é de que ainda este ano, o segmento de ônibus urbano absorve de 50 a 80 unidades do Super Padron. “Mas o potencial, quando as condições permitirem, estimo de 150 a 200 unidades por ano.”

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Foto: Mercedes-Benz/Divulgação

Décio Costa
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