Carros elétricos puros estão fora do alcance financeiro da grande maioria dos consumidores brasileiros. Também por esse motivo representam ainda uma ínfima parte das vendas de veículos no mercado interno, cerca de 2,9 mil unidades em 2021. Lentamentente, porém, esse quadro tende a mudar com a maior oferta de produtos em segmentos, digamos, menos sofisticados.

Um passo importante nesse sentido foi dado pela Renault nesta quinta-feira, 14, ao iniciar a pré-venda do Kwid E-Tech, versão do hatch movida exclusivamente a bateria. Importado da China, será negociado em todo o País por preço sugerido de R$ 143 mil até julho, quando as primeiras unidades chegarão às revendas.

Apesar de ainda ser um valor elevado — suficiente para comprar a versão topo do Captur, para ficar em um exemplo da própria linha Renault —, o Kwid E-Tech assume a condição de automóvel elétrico mais barato do Brasil, título que cabia até agora ao JAC E-JS1, de porte ainda menor e que não sai por menos de R$ 165 mil.

A Renault não revelou quantas unidades estima que venderá anualmente do Kwid elétrico, que tem itens de série como seis airbags, controle eletrônico de estabilidade, assistente de partida em rampa, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro e multimídia.  Mas, com absoluta certeza, nutre expectativa de negociar bem mais do que conseguiu com o Zoe, que custa R$ 205 mil e acumula 316 unidade negociadas desde sua apresentação, no fim de 2018.

A marca elegeu como um dos mecanismos para ter mais Kwid E-Tech nas ruas em menor prazo o Renault on Demand, programa de assinatura com planos que incluem serviços de revisões preventivas, gestão de documentos, seguro e taxas como IPVA e licenciamento. O plano de 48 meses com 1 mil quilômetros por mês sai por R$ 3.339,00 mensais ou R$ 2.999,00 caso o cliente opte por fazer um primeiro pagamento de R$ 9.990,00.

O perfil de consumidores dos carros elétricos na faixa do Kwid, segundo a Renault: entusiastas de tecnologia, jovens com renda média elevada, famílias com mais de um automóvel na garagem, empresas que queiram se enquadrar em políticas ESG e, especialmente, aqueles que vêem na eletricidade a mobilidade limpa.

O E-Tech tem motor  de 48 kW, equivalentes a 65 cv, alimentado por bateria de 26,8 kWh, que garante autonomia de 265 km em ciclo misto e 298 km em ciclo urbano, segundo a norma SAE J1634 do Inmetro. Detalhe importante: o sistema de frenagem regenerativa pode ampliar essas distâncias.

A Renault destaca aceleração de 0 aos 50 km/h em 4,1 segundos, velocidade máxima de 130 km/h e índice de eficiência energética de 0,44 MJ/km — “o melhor entre todos os elétricos do Brasil, de acordo com o programa de etiquetagem veicular”. E, claro, a economia para rodar com o modelo.

O cálculo da montadora: com o preço médio da gasolina de R$ 7,30, verificado em capitais do Sul e Sudeste, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), e o valor médio de 1kWh a R$ 0,66, o custo de um quilômetro rodado do E-Tech é de R$ 0,06 contra R$ 0,48 em um veículo térmico equivalente.

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O carregamennto pode ser feito em até 9 horas numa tomada normal caseira de 220w ou em 3 horas em um wallbox de 7kW, que os clientes poderão comprar nas revendas ou assinar por meio do Renault on Demand.

Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil, já antecipou mais um veículo elétrico para o mercado brasileiro: o utilitário Master, a ser lançado ainda este ano.  Apesar da aposta na tecnologia e de ter admitido a possibilidade, o executivo afirma que a produção ou mesmo montagem local de kits importados do Kwid E-Tech no Brasil ainda não está definida. “É um mercado ainda muito pequeno. Tudo dependerá da evolução”, disse.


Foto: Divulgação

George Guimarães
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